3 PARTES de Grandes profetas individuais identificaram as 7 escalas do G. Merc. Pós-diluviano

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3 PARTES de Grandes profetas individuais identificaram as 7 escalas do G. Merc. Pós-diluviano

Parte 1 Grandes profetas individuais identificaram as 7 escalas do Grande Mercado pós-diluviano https://www.youtube.com/watch?v=MOU4RuOLjRg&t=143s

Parte 2 Grandes profetas individuais identificaram as 7 escalas do Grande Mercado https://www.youtube.com/watch?v=JrrVtnBitMI

Parte 3 Grandes profetas individuais identificaram as 7 escalas do Grande Mercado https://www.youtube.com/watch?v=_50Jle0sxXM

1ª parte: 05/setembro/25, p. 1-4; 2ª parte: 06/09/25, p. 4-10; 3ª parte: 08/setembro/25, p. 10 ao 1º parágrafo da p. 18

   Olá, hoje é dia 05/09/25. A teoria da genealogia dos sucessores de Adão está contida no “Livro da história da família de Adão (cf. Gn 5, 1-32). Ela foi desenvolvida por historiadores naturais do Antigo Egito, que estudaram o processo geral do Grande Mercado pré-diluviano, tendo como objeto de estudo o Grande Mercado que se desenvolveu na longa realidade sócio-histórica do Antigo Egito. Os grandes profetas individuais consideravam que essa teoria poderia ser aplicável, também, no processo geral de expansão do Grande Mercado pós-diluviano. Pois, essa teoria indica que o Grande Mercado é cíclico.

   Convém, desde já, conhecermos a noção de Grandes profetas Individuais, e eles próprios.[1] Fohrer considera que os grandes profetas individuais eram intensamente motivados em suas condutas, por Iahweh, o Deus do amor ao próximo, do direito e da justiça social, e que eles procederam por duas linhas de ação contestadora: 1. Combateram e amaldiçoaram o templo-edifício de Jerusalém, os sacerdotes, os falsos profetas e a aliança deste com as elites políticas (casa real), econômicas e jurídicas; 2. Exaltaram a conduta justa e fraterna do indivíduo, como verdadeiramente do agrado de Iahweh, e considerada como a verdadeira “casa de Deus”. Eles advertiram os israelitas quanto ao uso maligno, que os sacerdotes e seus aliados faziam, tanto em relação ao templo-edifício de Jerusalém, no Reino do Sul (Judá) como nos santuários do Reino do Norte (Israel).

   Os grandes profetas individuais se distinguem das demais categorias de “profetas”. Nesse sentido, eles são chamados de “individuais”, porque cada qual exercia, de modo isolado e independente, o seu ministério. Isto é, eles não viviam em grupo ou guilda de profetas, conforme viviam outras categorias, cujos integrantes também eram chamados de “profetas”, e que bajulavam autoridades, em troca de alguma vantagem, ao exemplo da guilda de profetas ligados a Samuel (cf. 1Sm 19, 20), e de Eliseu e seu grupo de profetas. Noutro sentido, os grandes profetas individuais se distinguiam das diversas categorias de falsos profetas.

   Fohrer mostra que durante todo período pré-exílico e mesmo até ao início do período pós-exílico havia entre os israelitas, diversas categorias de falsos profetas. Os quais inventavam “profecias mentirosas e otimistas, para enganar o povo simples, enquanto facilitava as elites políticas, econômicas e sacerdotais explorarem, impiedosamente, os trabalhadores pobres. Em razão desse modo impúrio de proceder, estes falsos profetas também são chamados de “profetas otimistas”, a exemplo de Naum e Habacuc (cf. p. 326). Havia, ainda, a categoria de profetas cultuais, a exemplo de Abdias (cf. p. 290; 398). Os quais podem ser chamados, também, de “profetas da corte” ou “profetas profissionais”, que atuavam mancomunados nos cultos executados dentro ou fora do templo, com as elites: teólogos e sacerdotes; as lideranças políticas (reis), juízes corruptos e com as elites econômicas (agiotas, cambistas, grandes latifundiários, comerciantes, etc.

   Por meio da perspectiva cíclica, e a partir de Isaías, o qual teve como referência, por um lado, os ensinamentos feitos por Moises e, por outro, as relações entre Iahweh por meio de Moisés com o povo israelita. Desse modo, uma série de determinados grandes profetas individuais estudaram, e conseguiram identificar, gradativamente, na realidade sócio-histórica em muito longa duração pós-diluviana, as sete sucessivas configurações geopolíticas, As quais são correspondentes as sete escalas de expansão do Grande Mercado PÓS-DILUVIANO: Set ‒ Novo Império egípcio; Enos ‒ Império Assírio; Cainan ‒ Império Babilônico caldeu, etc.

   Ou melhor, tais profetas individuais se basearam na teoria registrada alegoricamente no Livro da história da família de Adão. Assim, eles conseguiram identificar e correlacionar, de um lado (NA TEORIA), cada signo (Set, Enos, Cainan, etc.) demonstrativo da respectiva escala expansiva do Grande Mercado e, do outro lado (NA REALIDADE SÒCIO-HISTÓRICA pós-diluviana), a correspondente configuração geopolítica de cada escala expansiva desse Grande Mercado pós-diluviano.

   Isaías (cerca de 765-700 a.C.)[2] é o primeiro exemplo do procedimento que indiquei acima. Vejamos Isaías ensinando a ordem sequencial segundo a noção de tempo histórico: a 1ª escala expansiva, o Novo Império egípcio indicado no trecho “como outrora”; e a 2ª escala seqüencial, o Império Assírio:

   “Povo meu, que habita em Sião, não temas o Assírio que te castiga com a vara, e brande o seu bastão contra ti, como outrora os egípcios. Porque dentro de muito pouco tempo meu ressentimento contra vós terá fim e minha cólera o aniquilará. O Senhor Deus dos exércitos vibrará o açoite contra ele como quando feriu Madiã no penhasco de Oreb, e quando estendeu seu bastão sobre ao mar, contra o Egito” (Is10, 24-b-26). Obs. Na Bília de Jerusalém, o exegeta se equivocou no comentário pertinente a esse trecho.

   Além de Isaías, outros grandes profetas individuais (Oséias, Jeremias, Ezequiel, etc. também começaram a empregar, cada qual em seu tempo histórico e embora sem explicitar, a teoria da genealogia de Adão, como método de interpretação do processo expansivo do Grande Mercado pós-diluviano. O qual transcorria na sócio-história em muito longa duração. Posteriormente, mostrarei detalhadamente cada um desses grandes profetas procedendo de modo semelhante a Isaías.

   Posso adiantar como exemplo Oséias e Jeremias, Ezequiel, mas voltarei posteriormente a este ponto, para mostrar mais exemplos:

   Oséias (cf. Os 2, 17-b; 11, 1-2) identificou o “Egito” (Novo Império) como correspondente a escala Set;

   Jeremias (Jr 2,6-a) identificou o “Egito” (Set. o Novo Império): “Por haverem cessado de dizer: ‘Onde está o Senhor que nos fez sair do Egito”;

   Jeremias (Jr 2, 18-19) também identificou a sequência “Set” (Novo Império) seguido de “Enos” (Império Assírio):

   “E agora, por que tomas a rota do Egito para ir beber a água do Nilo? Para que tomas o caminho da Assíria a fim de beber a água do Eufrates? Valeu-te este castigo tua malícia, e tuas infidelidades atraíram sobre ti a punição”;

   Jeremias identificou ainda a sequência “Cainan” (Império Babilônico)  ‒ “Malaleel” (Império Medo Persa), e o Império Medo-Persa:

   “Era Babilônia na mão do Senhor qual taça de ouro, que embriagava toda terra; bebiam as nações o seu vinho e enlouqueciam. Caiu, porém, de repente Babilônia: está esmagada. Chorai sobre ela!” (Jr 51 7-8-a); “Aguçai vossas flechas! Colocai vossos escudos! Excitou o Senhor o espírito dos reis dos medos, terra que deseja a destruir Babilônia” (Jr 51, 11-a);

   Ezequiel identificou a escala expansiva Set (Novo Império egípcio):

   “Eis o que diz o Senhor Javé: no dia em que fiz a escolha de Israel, em que levantei a mão para a raça de Jacó, em que me dei a conhecer a eles no Egito, em que ergui as mãos para eles, dizendo; sou eu que sou o Senhor, vosso Deus ‒, foi nesse dia que jurei tirá-los do Egito (Novo Império)” (Ez 20, 5-6-a);

   Ezequiel identificou também a sequência Set (Novo Império egípcio) ‒ Enos (Império Assírio) ‒ Cainan (Império Babilônico caldeu):

   “Tu te prostituíste com os egípcios, teus vizinhos de corpos vigorosos, e multiplicaste as tuas prostituições para me irritar. Mas eu estendi a mão contra ti; reduzi a tua porção, deixei-te à mercê das tuas inimigas, as filhas dos filisteus, envergonhadas elas próprias do teu infame proceder. Tu te prostituíste também com os Assírios, porque não estavas satisfeita, e ainda não de deste por saciada; multiplicaste as tuas depravações no país dos mercadores, entre os caldeus, sem que, contudo, te tenhas fartado” (Ez 16, 26-29).

   Zacarias identificou Cainan – Império Babilônico (Zc 5, 10-11)  e Malaleel (Zc 6, 8), Império Persa, no entorno de 519 a.C., portanto, logo após o rei Persa, Ciro, haver conquistado  Babilônia, e instaurado o Império Persa , em 539 a.C.[3] Zacarias se referiu a sequência da escala Cainan (Império Babilônico caldeu) para  a escala Malaleel (Império Persa) do Grande Mercado pós-diluviano, segundo a teoria da genealogia de Adão, que está simbolizada no “livro da história da família de Adão”. Desse modo, ele representou, em primeiro lugar, o ex-Império Babilônico já conquistado por Ciro e, em segundo lugar, o Império Persa. Sob o qual os judeus encontrariam melhores condições de independência relativa:

   “Eu disse ao anjo que falava comigo: ‘Para onde estão levando o ‘alqueire’ (contendo a imagem de “uma mulher sentada”, que representa a iniquidade, e que simboliza Babilônia, a grande cidade comercial conquistada por Ciro). Ele respondeu-me: ‘Para construir-lhe uma casa no país de Senear (Babilônia) e preparar-lhe um pedestal, onde a colocarão” (Zc 5, 10-11);

   Zacarias se referiu, em segundo lugar e de modo geral, a sequência das escalas Cainan (Imp. Babilônico), Malaleel (Imp. Persa), Jared (Imp. Macedônico) e Henoc (Imp. Romano), que ele teve na “oitava visão”. Note que, na ocasião desta visão, o entorno de 519 a.C., nem o Imp. Macedônico (Jared), nem o Imp. Romano havia se concretizado. Portanto, cito esses dois impérios apenas para facilitar ao leitor, o entendimento acerca do tema focalizado por Zacarias. Posto que, no texto pertinente, este profeta se refere de modo oculto e alusivamente ‒ a menos que se trate de uma “profecia pós-evento” acrescentada no texto ‒, as respectivas escalas correspondentes. Isto é, a escala Jered que corresponderia ao Imp. Macedônico, e, a escala Enos, que corresponderia ao Imp. Romano.

   Pois, na verdade, Zacarias representou a escala Jared por meio da figura do “terceiro carro de cavalos brancos”; e a escala Henoc II, na figura do “quarto carro de cavalos malhados e vigorosos”. Ou seja, a dos “quatro carros” que ele entendera saírem subsequentemente, ao analisar a passagem de uma “montanha de bronze” ‒ metáfora de grande e “sólido” império ‒ para a subsequente “montanha de bronze”. Nestes termos simbólicos, Zacarias se refere à passagem do Imp. Babilônico (a 1ª montanha) para o Imp. Macedônico (a 2ª montanha). Sequência de “grandes e sólidos impérios” esses, que Zacarias passa, a seguir, a representar na figura de “quatro sucessivos carros puxados por parelhas de cavalos, cada qual, de cor diferente das parelhas de cavalos dos outros carros.

   Do modo indicado acima, o primeiro grande império é o babilônico caldeu (Cainan), que é representado pela parelha de cavalos de cor vermelha; o segundo império é o persa (Malaleel), que é representado por meio da parelha de cavalos de cor preta; o terceiro império seria o macedônico (Jared), que é representado na figura da parelha de cavalos de cor branca; o quarto império viria a ser o romano (Henoc), que é representado na figura da parelha de cavalos de cor malhada. Vamos ao texto em tela:

   “Vi: Eis quatro carros que saíam dentre duas montanhas [Cainan (Imp. Babilônico); Malaleel  (Imp. Persa)]: e as montanhas eram montanhas de bronze. No primeiro carro havia cavalos vermelhos (Imp. Babilônico), mo segundo cavalos pretos (Imp. Persa), no terceiro carro cavalos brancos (Imp. Macedônico) e no quarto carro cavalos malhados (Imp. Romano) vigorosos. E eu perguntei ao anjo que falava comigo: ‘Quem são ele, meu Senhor?’ E o anjo respondeu-me: ‘Estes são os quatro ventos do céu, que saem, depois de estarem diante do Senhor de toda terra. Onde estão os cavalos pretos, saem para a terra do norte, os cavalos brancos saem atrás deles e os malhados saem para a terra do Sul’… Ele me chamou e disse-me: ‘Vê! Aqueles que saem para a terra do Norte (Imp. Persa), farão descer o meu espírito na terra do Norte” (Zc 6, 1-b-6, 8).            

   Por fim, Daniel (escreveu o livro Daniel entre 167 a 164 a.C.) concluiu essa pesquisa, no sentido de identificar a escala expansiva Henoc II, como a Roma Republicana, que a seguir seria o Império Romano, no qual o Escolhido do Criador emergiria.[4] Ou seja, Roma como o grande poder hegemônico que emergiria após o Macedônico. Ele notou o desenvolvimento do perverso modelo de sistema monetário e financeiro gerido pelos reis macedônico na escala Jared (Império Macedônico). Daniel chamou esse sistema econômico de “Abominação da Desolação”, e previu que após a escala Henoc II (Império Romano), ou melhor, na passagem da escala Lamec III para o estágio Noé ‒ que é o contexto geopolítico em que vivemos hoje ‒ essa Abominação se desenvolveria, ainda de modo mais perverso (cf. Dn 12, 11). Na realidade sócio-histórica, a Abominação da Desolação atingiu o status de “lugar santo”, nas décadas 70-80 do século passado.

   O Jesus histórico havia decodificado o “livro selado com sete selos”, no qual consta o “Livro da história da família de Adão”. Ele respaldou Daniel, com referência a emergência do modelo perverso de sistema monetário e financeiro, no contexto da sua volta, ou seja, no contexto da etapa Noé de grave e longa crise socioeconômica e política da grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III.

   “Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita por Daniel ‒ o leitor entenda bem (Mt 24, 15).

   Do modo indicado acima, os referidos grandes profetas individuais identificaram as seis escalas imperiais de expansão do Grande Mercado Pós-diluviano: 1º. Set: Novo Império egípcio; 2º. Enos; Império Assírio (ambos estudados por Isaías (cf. Is 10, 24-27); 3º. Cainan (Império Babilônico caldeu); 4º. Malaleel (Império Persa); 5º. Jared Império Macedônio ou Helenístico); 6º. Henoc II (Império Romano, uma das vezes em que o Escolhido emerge na sócio-história em muito longa duração: “Henoc andou com Deus, e desapareceu, porque Deus o levou” (Gn 5, 24).

Segunda Parte página 4-9

Grandes profetas individuais identificaram as 7 escalas do G. Merc. pós diluviano ‒ Segunda parte     

   Olá, hoje é 06/09/25. Vamos recapitular a parte final da palestra anterior. Vimos que Isaías, Oséias, Jeremias, Ezequiel e outros grandes profetas individuais identificaram as seis primeiras escalas imperiais de expansão do Grande Mercado Pós-diluviano: 1º. Set: Novo Império egípcio; 2º. Enos; Império Assírio (ambos estudados por Isaías (cf. Is 10, 24-27); 3º. Cainan (Império Babilônico caldeu); 4º. Malaleel (Império Persa); 5º. Jared (Império Macedônico ou Helenístico); 6º. Henoc II (Império Romano).

   Finalmente, Daniel focalizou, alegoricamente, por meio de uma enorme estátua vista em sonho por um rei do Império Babilônico caldeu (cf. Dn 2, 31-36), as quatro últimas sucessivas escalas imperiais expansivas do processo geral de expansão do Grande Mercado pós-diluviano:

A 3ª escala expansiva do Grande mercado pós-diluviano, Cainan, que correspondeu ao Império Babilônico caldeu;

A 4ª escala expansiva, Malaleel, correspondeu ao Império Persa;

A 5ª escala expansiva, Jared, correspondente ao Império Macedônio;

A 6ª escala expansiva, Henoc II, correspondente ao Império Romano. Onde emergiria, na Palestina, o Escolhido do Criador, que seria o Jesus histórico. O qual Daniel representou na figura de “uma pedra que despencara da montanha sem intervenção de mão alguma, a qual bateu nos pés de barro e ferro da referida estátua, reduzindo-a em migalhas” (cf. Dn 2, 34-35-a).

   Por fim, Daniel focalizou, embora de modo impreciso, a passagem do contexto geopolítico Lamec III em queda, para a etapa Noé de crise socioeconômica e política. Passagem essa em que Daniel previu a volta do perverso modelo de sistema monetário e financeiro, semelhante ao que os reis do Império Macedônico também em queda, então, impunham aos palestinenses. Enquanto o Império Romano ascendia. Daniel rotulou esse perverso modelo de sistema monetário e financeiro, com o nome Abominação do Devastador:

   “Desde o tempo em que for suprimido o holocausto perpétuo e for estabelecida a Abominação do devastador, transcorrerão mil duzentos e noventa dias” (Dn12, 11).

. Note que o Jesus histórico respaldou esse prognóstico feito por Daniel, conforme mostrarei mais adiante: “Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel ‒ O leitor entenda bem” (Mt 24, 15).

   De volta à estátua, Daniel começou a descreveras as quatro partes da referida estátua:

. Daniel representou a terceira escala imperial (Cainan), isto é, o Império Babilônico Caldeu, na cabeça da estátua feita de ouro fino;

. O profeta simbolizou a quarta escala imperial (Malaleel), o Império Medo-Persa, no peito e braços da estátua, que eram feitos de prata;

. Daniel representou a quinta escala imperial (Jared), o Império Macedônico, no ventre e quadris de bronze da referida estátua;

. A sexta escala imperial (Henoc II), isto é, o Império Romano, que representou nas pernas de ferro e nos pés metade de ferro e metade de barro. (cf. Dn 2, 32-33, 36-44). Contexto em que o Escolhido do Criador emergiria, e que sabemos que se tratou do Jesus histórico, que emergiu na Palestina. Daniel simbolizou a emergência do Escolhido, na figura de uma pedra que despencou da montanha, bateu nos pés da estátua, e a despedaçou em migalhas.

 Vamos ao texto em tela, em que Daniel supostamente revela ao rei Nabucodonosor, o sonho que este tivera:

   “Senhor: contemplavas, e eis que uma grande, uma enorme estátua erguia-se diante de ti; era de um magnífico esplendor, mas de aspecto aterrador. Sua cabeça era de fino ouro, seu peito e braços eram de prata, seu ventre e quadris de bronze, suas pernas eram de fero, seus pés metade de ferro e metade de barro. Contemplavas (essa estátua) quando uma pedra se deslocou da montanha sem intervenção de mão alguma, veio bater nos pés, que eram de ferro e barro, e os triturou. Então o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, foram com a mesma pancada reduzidos a migalhas…” (Dn 2, 31-35-a, c). 

Os s grandes profetas individuais criaram fórmulas de pesquisa

   Os grandes profetas se aparelharam de fórmulas de pesquisa para expor a pesquisa, segundo a teoria da genealogia de Adão. Todavia, empregando tais fórmulas, no lugar do nome Henoc II, para manter em segredo, o fato de eles estarem operando com a teoria da genealogia de Adão.

   Os grandes profetas estavam aparelhados da teoria contida hermeticamente por meio de alegoria genealógica, referente ao Grande Mercado pós-diluviano. A qual consta no “Livro da história da família de Adão”. Eles sabiam que a realidade sócio-histórica é cíclica, e que o Grande Mercado pré-diluviana fora abstraído da realidade sócio-histórica do Antigo Egito. Portanto, essa teoria deveria ser aplicada a partir da sócio-história pós-diluviana, que começara com o Novo Império egípcio, em que Moisés emergiu, elaborou a teoria. Portanto, tais grandes profetas sabiam que o Novo Império, na realidade, consistira na 1ª escala, Set, pós-diluviana. Assim, cada um desses grandes profetas individuais pesquisou na realidade sócio-histórica do seu contexto geopolítico, objetivando identificar as demais escalas: Enos, Cainan, Malaleel, etc.

   Desse modo, Tais grandes profetas estavam pesquisando, mais precisamente, a configuração geopolítica correspondente ao estágio Henoc II. Posto que, eles estavam pesquisando, enfim, também a emergência do Escolhido do Criador, que ocorreria nesse estágio. Todavia, na Era Pós-diluviana e em razão da aliança feita por Iahweh com os hebreus, a emergência do Senhor implicava, necessariamente, em ter como localização social, o povo descendente dos hebreus, isto é, os israelitas, e no território ocupado por este povo, Jerusalém

   Na direção indicada acima, Isaías (cerca de 760-690 a.C.) e outros grandes profetas empregavam, às vezes e conforme o contexto da frase, embora sem explicitar, a expressão “naquele tempo” ou outra equivalente, a exemplo de “naquele dia” ou “no fim dos tempos“, para se referir ao contexto geopolítico Henoc II. Ou seja, o estágio da teoria da genealogia de Adão que indica o contexto geopolítico, no qual emerge o Senhor ou o Escolhido do Criador, conforme já vimos que consta em (Gn 5, 24): “Henoc andou com Deus…“.

   Os grandes profetas sabiam, nos respectivos tempos em que cada um deles viveu, que o estágio geopolítico Henoc II se concretizaria somente em um futuro muito distante do seu tempo, no curso sócio-histórico em muito longa duração, conforme a expressão “no fim dos tempos” empregada por Isaías indica.

      “No fim dos tempos acontecerá que o monte da casa do Senhor estará colocado à frente das montanhas, e dominará as colinas. Para aí acorrerão todas as gentes… Ele nos ensinará seus caminhos, e nós trilharemos as suas veredas; porque de Sião deve sair a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor… Só o Senhor será exaltado naquele tempoNaquele tempo o homem lançará aos ratos e aos morcegos os ídolos de prata e os ídolos de ouro, que para si tinha feito a fim de os adorar” (Is 2, 2, 3-b, 17-c, 20).

   No mesmo “capítulo dois” acima citado, Isaías também mostra a localização social Sião, como o âmbito da sociedade israelita, de onde seriam elaboradas as normas de conduta. E do âmbito dos segmentos trabalhadores da sociedade israelitas, sairia à doutrina ditada pelo Escolhido do Criador. Enfim, emergiria a referida revolução sócio-cultural pacifista, liberal e por justiça social.[5]

   Isaías ainda ressalta a natureza fraterna, pacifista, laboriosa e revolucionária da conduta do Senhor, como “juiz” (paradigma) para julgar as condutas de todos os indivíduos das nações. Ele também ressalta a respectiva natureza do movimento social revolucionário, que por ocasião da vinda o Senhor, este desencadearia no contexto geopolítico, em favor dos segmentos trabalhadores. O Senhor desencadearia a referida revolução pacifista, diante dos opressores e exploradores dos trabalhadores. Em outros termos, “diante das montanhas” (contra os grandes impérios), e também diante das “colinas” (os reinos menores):

   “Porque de Sião deve sair a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor… Ele será o juiz das nações, o governador de muitos povos. De suas espadas forjarão relhas de arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não levantará a espada contra outra, e não se arrastarão mais para a guerra” (Is, 2, 3-c-4).

Teoria da genealogia de Adão: fórmula da pesquisa

   Vimos que alguns dos grandes profetas conheciam a teoria da genealogia de Adão. Cada qual no seu tempo aplicava essa teoria, para pesquisar no sentido de identificar na realidade sócio-histórica, os contextos geopolíticos correspondentes aos sucessivos estágios indicados na referida teoria: Set, Enos, Cainan, Malaleel, Jared, Henos, etc. Todavia, Isaías e Oséias, por exemplo, também especulavam acerca dos estágios geopolíticos previstos na referida teoria, mas que ainda não tinham se concretizado, em relação ao contexto e respectivo estágio geopolítico em que eles estavam situados.

Pontos de referência na pesquisa: israelitas e Jerusalém  

   Os grandes profetas individuais consideravam os israelitas situados na Palestina, como alguns dos pontos de referência nas pesquisas acerca da localização geopolítica Henoc II. Isto é, onde o Senhor emergiria segundo a teoria da genealogia de Adão, embora os israelitas fossem rebeldes em relação a seu Senhor.

   A tal consideração era muito importante, porque permitia distinguir, de um alado, o contexto geopolítico egípcio (Novo Império; Moisés, cerca de 1300 a.C.), em que os hebreus saíram do Egito, e que foi celebrada a “aliança”, “eleição” ou “obrigação”, entre Iahweh e o povo israelita. Permitiria distinguir, de outro lado, o contexto geopolítico muito posterior, isto é após o Terceiro Período Intermediário Egípcio (1070 a 712 a.C.), quando houve o recrudescimento do Império Egípcio sob Necau II, (XXVI dinastia egípcia). O qual disputou hegemonia, primeiramente, com o Império Assírio e, após a queda deste, disputou também com o Império Babilônico caldeu. Por fim, a Pérsia iria submeter o Egito, encerrando assim a sua independência.

   Enfim, distinguir os dois quadros acima indicados, na verdade, permitiriam aos grandes profetas delinearem mais claramente a correspondência, de um lado, do encadeamento das etapas previstas na teoria da genealogia de Adão e, do outro, o encadeamento lógico dos grandes impérios e respectivos contextos geopolíticos, apresentados na realidade sócio-histórica correspondente.  

   Devemos levar em consideração, que possivelmente os grandes profetas não conhecessem, ao menos detalhadamente, as características da sócio-história pertinente a sequência das primeiras etapas do Grande Mercado pré-diluviano, que transcorreu quase todo no interior do Egito Ou seja, eles não tinham esse conhecimento, como exemplo para comparar e orientar suas pesquisas. Eles talvez tivessem tomado conhecimento, de algum modo, acerca das partes finais e mais recentes em relação ao Grande Mercado pré-diluviano. Ou seja, a escala Lamec III que correspondeu à grande rede global de mercados macrorregionais, a fase seguinte, isto é, o período Noé de grave crise socioeconômica e política, a fragmentação tripartite da grande rede global e o “dilúvio”. O que eles tinham como certo, era fé em Iahweh e em Moisés, e acreditavam na teoria da genealogia de Adão, que o Senhor transmitiu por meio de Moisés, e a inculcou, a ferro e fogo, na identidade cultural dos hebreus.    

   Enfim, o Escolhido do Criador emergiria na localização social descendente dos hebreus, os israelitas, enquanto o povo amado e escolhido por Iahweh, desde a saída dos hebreus do Egito. Isaías afirma o intimo compromisso entre o Santo Pai Iahweh e o povo israelita:

   “Ouvi, céus, e tu, ó terra, escuta, é o Senhor que fala: ‘Eu criei filhos e os eduquei, eles, porém, se revoltaram contra mim… Israel não conhece nada, o meu povo não tem entendimento’. Ai da nação pecadora, do povo carregado de crimes, da raça de malfeitores, dos filhos desnaturados! Abandonaram o Senhor, desprezaram o Santo de Israel, e lhes voltaram às costas” (Is 1, 2, 3-c-4).  

3ª parte: p. 9 a 16 logo no início.

PARTE 3 ‒ Grandes profetas individuais identificaram as 7 escalas do G. Merc. Pós-diluviano.

   Olá a todos, hoje é 08/setembro/25. Vou focalizar a 3ª parte do tema sob o título indicado acima. Vimos nas palestras passadas, que determinados grandes profetas individuais criaram certas expressões idiomáticas, no lugar da escala de expansão Henoc II pós-diluviano. A qual indica que o Escolhido do Criador emergiria, conforme era previsto na teoria da genealogia de Adão, que consta registrada hermeticamente por meio de alegoria genealógica no “livro da história da família de adão” (Gn 5, 1-32). Desse modo, eles empregaram tais expressões idiomáticas tanto comofórmulas de pesquisa” como da exposição do resultado da pesquisa.

   Vimos também, que esses grandes profetas individuais tinham certeza, que Iahweh estabelecera algum tipo de compromisso, nos termos de “aliança”, “eleição” ou “obrigação” entre Iahweh e o povo israelita.[6] Portanto, as tais “fórmulas de pesquisa” e da exposição do resultado da pesquisa podem representar, por um aspecto, a localização sócio-histórica da sexta escala expansiva, Henoc II, do Grande Mercado pós-diluviano e, por outro, também a localização social do povo escolhido, os israelitas, mais a sua localização geográfica, Jerusalém, em Judá, na Palestina. Nesse sentido, Isaías disse:

   “Porque de Sião deve sair a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor” (Is 2, 3-c);

 “Esta sentença de ruína o Senhor Deus dos Exércitos a executará no centro de toda terra” (Is 10, 23);

 “Naquele tempo, Jerusalém será chamada trono do Senhor, sem mais persistir na obstinação do seu coração perverso” (Jr 3, 17).

   Daniel emprega a expressão simbólica “jóia da terra” no lugar de Jerusalém e os israelitas, e também de Henoc II (cf. Dn 11, 15-20).

Conclusão das fórmulas de pesquisa

    Na elaboração da fórmula da pesquisa acerca da localização geopolítica Henoc II, onde o Senhor emergiria, já vimos que os grandes profetas em questão apresentavam textos, nos quais empregavam, em geral, a expressão “naquele tempo” ou algo equivalente, em lugar do termo “Henoc II”. Ou seja, o estágio em que o Escolhido do Criador emergiria na localização social israelita, em Jerusalém.

      Em alguns casos, tais profetas inseriam no texto pertinente a pesquisa, alguma forma simbólica de referência a localização social do povo israelita, e/ou a localização geográfica desse povo, Jerusalém, conforme já indiquei: “centro de toda terra” (Is 10, 23), “trono do Senhor” (Jr 3, 17), etc.

   Por conseguinte, o padrão de pesquisa acima apresentado, que alguns dos grandes profetas empregavam, vou chamar, por extensão, de “fórmula de pesquisa e de exposição do seu resultado, relativos aos sucessivos grandes impérios e respectivos contextos geopolíticos concretos, correspondentes as etapas de expansão do Grande Mercado pós-diluviano, na sócio-história em muito longa duração”. Fórmula de pesquisa cuja teoria da genealogia de Adão consistiu no modelo teórico aplicado, e cuja emergência do Escolhido prevista na escala Henoc II, na realidade, tratava-se de destaque nessa pesquisa.  De modo resumido, posso nomear o referido padrão: “fórmula de pesquisa da genealogia de Adão“.

   Por meio da fórmula de pesquisa da teoria da genealogia de Adão, determinados sucessivos grandes profetas individuais buscavam identificar e delinear, cada qual ao seu tempo e respectivo contexto geopolítico, na realidade sócio-histórica em muito longa duração, a sequência lógica dos sucessivos grandes impérios. Assim, eles objetivavam chegar ao contexto Henoc II. Isto é, chegar ao contexto geopolítico em que o Senhor Escolhido emergiria, e que seria o do Império Romano. Todavia, os primeiros grandes profetas não podiam prever, porque o contexto geopolítico atinente ao Império Romano ainda não havia se concretizado, no tempo desses primeiros grandes profetas.

   Por conseguinte, determinados sucessivos grandes profetas individuais identificaram, gradualmente, de modo lógico e claro, no curso sócio-histórico em muito longa duração, a sucessão dos grandes impérios do Grande Mercado pós-diluviano previstos na teoria da genealogia de Adão. Alguns desses grandes profetas viveram e exerceram seus ministérios em épocas e respectivos contextos geopolíticos distantes uns dos outros: Isaías (ministério: 746 a 701 a.C.);[7] Oséias (ministério: 755 a 725 a.C.);[8] Jeremias (nasceu cerca de 650 e exerceu se ministério de 626 a 586 a.C.);[9] Ezequiel (ministérios: primeiro e segundo períodos: 593-585 a.C.), o terceiro período do seu ministério foi iniciado após 585 a.C. não se tem como precisar o seu término. [10]

   Finalmente, um autor anônimo escreveu o livro intitulado Daniel, entre cerca de 167 até 164 a.C.[11] Ele não explicitou que estava operando com a forma de pesquisa da teoria da genealogia de Adão. Todavia, Daniel completou a sequência dos sucessivos impérios, embora ele não fosse considerado um “grande profeta individual”. Sequência essa anteriormente desenvolvida por Isaías, Oséias, Jeremias, Ezequiel e outros profetas menores. Desse modo, o autor do livro Daniel concluiu a sequência completa até a escala Henoc II, o Império Romano, embora ele tenha se referido a este império de modo indireto e simbólico; as pernas de ferro e os pés, um de ferro e outro de barro da estátua sonhada por Nabucodonosor (cf. Dn 2, 33), “um chefe militar” (Consul Lúcio Cornélio (cf. Dn 11, 18-b); “Navios de Cetim” (frota romana em Chipre) (cf. Dn 11, 30-a) etc.) . Daniel não explicitou que estava operando com a referida teoria, e também representou os referidos impérios, apenas de modo hermeticamente simbólico.

   O autor do livro Daniel foi mesmo além de identificar o grande império referente ao estágio Henoc II. Ele focalizou, embora de modo muito geral e resumidamente, a passagem da escala Lamec III quando já sob depressão econômica, para o estágio Noé de grave crise socioeconômica e política. Mais precisamente, Daniel analisou e focalizou o perverso modelo macedônico de sistema monetário e financeiro, que os reis macedônicos impunham aos povos sob seu domínio, ao exemplo dos israelitas. Ele chamou esse sistema de “abominação da desolação”.

   Daniel previu que na passagem da escala Lamec III para o estágio Noé, esse modelo de sistema financeiro iria se concretizar, na sua forma mais desenvolvida, ou seja, no “lugar santo“. Isto é, ele seria incondicionalmente “adorado” globalmente por todos, embora seja a forma mais complexa e perversa, sobretudo no estágio Noé de grave, prolongado e irreversível depressão econômica e respectiva crise política e social. Estágio esse que se desenvolveria na fase da já decadente grande rede global de mercados macrorregionais Lamec. Decadência essa que se desenvolveria, quando essa grande rede atingisse o seu limite de expansão e complexidade. Previsão essa que aconteceu, conforme já vimos, nas décadas 70-80 do século passado.

   Afirmei que o Jesus histórico havia decodificado a teoria histórica, que historiadores do Antigo Egito elaboraram. Já na condição de Anjo de Jesus, o Mestre afirmou claramente no livro Apocalipse, ter feito a referida decifração. Portanto, a indicação feita por “Daniel”, embora muito resumidamente, a respeito da reemergência da referida abominação, propiciou ao Jesus histórico, por sua vez, também prever a emergência da abominação, no contexto Lamec sob a depressão econômica Noé da volta do Senhor. Nesse sentido, o Jesus histórico disse:

 “Quando virdes estabelecida no lugar santo a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel (9, 27) − o leitor entenda bem” (cf. Mt 24, 13).

   Ou seja, esse “estabelecimento no lugar santo” aconteceria, como eu já disse por volta das décadas 70-80 do século passado, no contexto da grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III, porém, já entrando na fase Noé de grave, prolongada e irreversível depressão econômica e respectiva crise política e socioeconômica.

Isaías: oráculos contra nações gentias

   Ao exemplo de Isaías, cada um dos grandes profetas individuais fazia pesquisas no seu contexto sócio-histórico geopolítico, apresentados nos termos de − oráculos contra diversos povos estrangeiros. Cujo objetivo consistia em especular a possibilidade de identificar um reino circunvizinho, com condições de vir a se tornar o grande império e respectivo contexto geopolítico, que sucederia ao grande império em voga na época do profeta. Nesta direção, alguns dos grandes profetas apresentavam os “oráculos contra diversos povos” assemelhados entre si. Posto que, os povos circunvizinhos dos israelitas em Jerusalém eram quase sempre os mesmos, todavia, um ou outro deles eventualmente poderia se transformar em um grande império, a exemplo do acontecera com os assírios, os caldeus, etc.

   Na Bíblia Ave Maria, na Bíblia de Jerusalém e em outras, os respectivos exegetas afirmam tratar-se de acréscimos posteriores, do capítulo número 13 até ao 23.[12] Todavia, nem todos esses capítulos parecem se tratar de acréscimos. As interpolações são claramente apenas Is 13, 1-22; 14, 3-23; e 21, 1-10. Os quais focalizam contextos posteriores a Isaías, isto é, o Império Babilônico e o Persa. Os demais parecem se tratar próprios do contexto geopolítico de Isaías. O objetivo de Isaías consistia em especular a possibilidade de identificar um ou outro reino circunvizinho, com condições de se tornar o grande império imediatamente posterior ao assírio. Ele não encontrou nenhum reino capaz de se tornar o grande império capaz de substituir ao Império Assírio.

Jeremias: oráculos contra nações gentias

Jeremias (Jr 2, 18-19) também identificou a sequência “Set” (Novo Império) seguido de “Enos” (Império Assírio):

   “E agora, por que tomas a rota do Egito para ir beber a água do Nilo? Para que tomas o caminho da Assíria a fim de beber a água do Eufrates? Valeu-te este castigo tua malícia, e tuas infidelidades atraíram sobre ti a punição”.

   De modo análogo a Isaías, posteriormente, Jeremias também especulou a possibilidade de identificar um reino circunvizinho, com condições de se tornar o grande império imediatamente seguinte ao Império Babilônico, que na teoria da genealogia de Adão correspondeu a escala Cainan. Isto é, o contexto geopolítico imediatamente seguinte ao que Jeremias estava inserido. Nessa direção, além dos caldeus, ele especulou a respeito de “todas as (outras) tribos do Norte“. Desse modo, possivelmente, ele estava fazendo alusão aos Persas e Medas. Posto que, Jeremias sabia, indiscutivelmente, que os medos eram poderosos, e que inclusive ajudaram ao revoltoso administrador caldeu, Nabopolassar (626 a 605 a.C), na conquista de Nínive, capital do Império Assírio. Jeremias conhecia claramente o aspecto sequencial dos grandes impérios. Nesse sentido, ele afirma que “decorridos estes setenta anos”, o rei e o Império babilônico também seria destruído, conforme consta no texto que vou citar:

   “Vou conclamar todas as tribos do Norte − Oráculo do Senhor −, assim como o meu servo, Nabucodonosor, rei de Babilônia, a fim de lançá-los contra esta terra e seus habitantes, e todas estas nações que o cercam… Converter-se-á esta terra em angústia e solidão, e por setenta anos lhe há de perdurar a servidão ao rei de Babilônia. Decorridos estes setenta anos, castigarei o rei de Babilônia e seu povo por causa de seus pecados − oráculo do Senhor −, assim como a terra dos caldeus, que transformarei definitivamente num deserto…” (Jr 25, 9-a, 11-12).

Jeremias identificou, finalmente, ainda a sequência “Cainan” (Império Babilônico)  ‒ “Malaleel” (Império Medo Persa), e também o Império Medo-Persa, conforme consta no texto a seguir:

   “Era Babilônia na mão do Senhor qual taça de ouro, que embriagava toda terra; bebiam as nações o seu vinho e enlouqueciam. Caiu, porém, de repente Babilônia : está esmagada. Chorai sobre ela!” (Jr 51 7-8-a); “Aguçai vossas flechas! Colocai vossos escudos! Excitou o Senhor o espírito dos reis dos medos, terra que deseja a destruir Babilônia” (Jr 51, 11-a);

   Vimos que Jeremias parece ter aludido às grandes nações (Pérsia e Média) do “Norte”. Ao término do trecho citado acima, está escrito, note, entre parênteses: “(O que Jeremias profetizou contra todas as nações pagãs.)”. Em relação a esta frase, o exegeta esclarece no rodapé da página 1070: “O que Jeremias: esta frase incisa constitui, provavelmente, o título original da série dos oráculos contra as nações, e que figura nos capítulos 46 a 51″. [13] Portanto, caso o exegeta esteja com razão, podemos abstrair uma conclusão plausível. Jeremias avaliou e sugeriu, que o rei de alguma de “todas as nações do Norte” seria lançado contra os israelitas, assim como, o Senhor lançou Nabucodonosor contra este mesmo povo. A seguir, o profeta descreveu haver passado em revista as demais nações circunvizinhas, e não encontrou nenhuma em condições, de se levantar como um grande império. Na verdade, Jeremias passara em revista, apenas as nações pertinentes os capítulos 46 a 49. Os capítulos 50 e 51 são acréscimos posteriores, e focalizam contexto posterior a Jeremias, conforme o exegeta esclarece.[14]       

Ezequiel: oráculos contra nações gentias

   De modo análogo a Isaías e a Jeremias, posteriormente, Ezequiel também especulou a possibilidade de identificar um reino circunvizinho, com condições de se tornar o grande império imediatamente seguinte ao Império Babilônico caldeu (Cainan). Isto é, o contexto geopolítico imediatamente seguinte ao que Ezequiel estava inserido. Nesse sentido, Este profeta avaliou diversos povos circunvizinhos, e igualmente inseridos no contesto geopolítico, em que os caldeus imperavam (cf. Oráculo Contra as Nações: Ez 25-32).

   Ezequiel identificou a escala expansiva Set (Novo Império egípcio):

   “Eis o que diz o Senhor Javé: no dia em que fiz a escolha de Israel, em que levantei a mão para a raça de Jacó, em que me dei a conhecer a eles no Egito, em que ergui as mãos para eles, dizendo; sou eu que sou o Senhor, vosso Deus ‒, foi nesse dia que jurei tirá-los do Egito (Novo Império)” (Ez 20, 5-6-a);

Ezequiel identificou também a sequência Set (Novo Império egípcio) ‒ Enos (Império Assírio) ‒ Cainan (Império Babilônico caldeu):

   “Tu te prostituíste com os egípcios, teus vizinhos de corpos vigorosos, e multiplicaste as tuas prostituições para me irritar. Mas eu estendi a mão contra ti; reduzi a tua porção, deixei-te à mercê das tuas inimigas, as filhas dos filisteus, envergonhadas elas próprias do teu infame proceder. Tu te prostituíste também com os Assírios, porque não estavas satisfeita, e ainda não de deste por saciada; multiplicaste as tuas depravações no país dos mercadores, entre os caldeus, sem que, contudo, te tenhas fartado” (Ez 16, 26-29). 

Profetas aplicaram a fórmula de pesquisa

   Vou apresentar alguns exemplos de grandes profetas individuais, que iniciaram a aplicação da “fórmula de pesquisa da genealogia de Adão”: Isaías, Oséias, Jeremias, Ezequiel. Daniel embora não fosse considerado um grande profeta individual, pelos judeus. No entanto, ele concluiu a pesquisa da sequência dos grandes impérios, que corresponderam às escalas de expansão do Grande Mercado pós-diluviano. Sequência essa prevista e representadas na teoria da genealogia de Adão.

Isaías: aplicação das fórmulas de pesquisa

   Isaías aplicou a fórmula de pesquisa em tela, apresentando a expressão e código chave “naquele tempo“, no lugar da escala Henoc II, que indica a emergência do Senhor, na sequência das escalas de expansão do Grande Mercado pós-diluviano, no curso sócio-histórico em muito longa duração. Por meio da expressão simbólica “no centro de toda terra“, Isaías se refere, por um aspecto, à localização territorial para onde Iahweh indicou a instalação desse povo, mais especificamente em Jerusalém.  E, por outro aspecto, ele se refere também, à localização social israelita, enquanto povo da aliança, que Iahweh fez com esse povo. Ou seja, a expressão simbólica “centro de toda terra” é outra forma de se referir à escala Henoc II. Pois, é na localização social israelita e respectiva base territorial, que o Senhor emergiria, precisamente nessa escala Henoc II de expansão do Grande Mercado pós-diluviano.

   Por fim, Isaías apresenta a ordem sequencial dos grandes impérios que, ao seu tempo, ele identificou: primeiramente, o Novo Império egípcio. O qual outrora “brandia o bastão” sobre o povo israelita; em segundo lugar, Isaías identificou o Império Assírio, que na época de Isaías também “brandia o bastão” sobre os israelitas. 

   “Naquele tempo (fórmula de pesquisa em substituição a escala HenocI I), o restante de Israel e os remanescentes da casa de Jacó deixarão de apoiar-se naquele que o fere, mas apoiar-se-ão com confiança no Senhor, o santo de Israel. Um resto voltará, um resto de Jacó, para o Deus forte… A destruição está resolvida, a justiça vai tirar a desforra. Esta sentença o Senhor Deus dos exércitos executará no centro de toda terra. Por isso o Senhor Deus dos exércitos disse: Povo meu, que habitas em Sião, não temas o Assírio que te castiga com a vara, e brande seu bastão contra ti, como outrora os egípcios. Porque dentro de muito pouco tempo meu ressentimento contra vós terá fim e minha cólera o aniquilará. O Senhor Deus dos exércitos vibrará o açoite contra ele (o Império Assírio) como quando feriu Madiã no penhasco de Oreb, e quando estendeu seu bastão sobre o mar, contra o Egito Novo Império). Naquele tempo…” (Is 10, 20, 21-c-27-a).

   Isaías mais uma vez aplica a fórmula de pesquisa da teoria da genealogia de Adão. Enfim, ele apresenta a ordem sequencial dos grandes impérios que, ao seu tempo, Isaías identificou, primeiramente, o Novo Império egípcio correspondente ao estágio Set. O qual outrora “o Senhor pôs a seco o braço de mar”, “no tempo em que ele (os hapiru − hebreus) saiu da terra do Egito”. Em segundo lugar, Isaías identificou o Império Assírio, que logo após a época de Isaías, “o caminho se abrirá (pelo Senhor) para o resto do seu povo que escapará da Assíria“.

   Naquele tempo o Senhor levantará de novo a mão para resgatar o resto do seu povo, os sobreviventes da Assíria e do ‘Egito’ (Novo Império)… Assim como o Senhor pôs a seco o braço de mar do Egito, com seu sopro ardente, ele estenderá a mão sobre o rio e o dividirá em sete braços, de sorte que se poderá atravessar a vau. O caminho se abrirá para o resto do seu povo que escapará da Assíria, como se abriu para Israel no tempo em que ele saiu da terra do Egito” (Is11, 11-a, 15-16).

Fim da 3ª parte: 1º parágrafo da p. 18


[1] Fohrer, G. História da Religião de Israel, p. 328-330.

[2] Bíblia de Jerusalém, p. 1237-1238

[3] Bíblia de Jerusalém ‒ Introdução a Ageu e Zacarias, p.  1250.

[4] Bíblia de Jerusalém ‒ introdução a Daniel, p. 1245.

[5] Na época da emergência do Senhor Jesus histórico, essa localização sócio-cultural consistiu no seguimento social e grupo de referência de Jesus, que era constituído de publicanos, prostitutas e devassos. Nesse sentido, o Jesus histórico se referiu aos príncipes do sacerdotes e aos anciãos do povo: “Em verdade vos digo, os publicanos e as meretrizes vos precedem no reino de Deus! João Batista veio a vós no caminho da justiça, e não crestes nele. Os publicanos, porém, e as prostitutas creram nele. E vós vendo isto,  nem fostes tocado de arrependimento para crerdes nele” (Mt 21, 31-c); “Jesus acrescentou: ‘Nunca lestes nas Escrituras: A pedra rejeitada pelos construtores tornou-se a pedra angular; isto é obra do Senhor, e é admirável aos nossos olhos (Salmo 117, 22). Por isso vos digo: ser-vos-á tirado  o reino de Deus, e será dado a um povo que produza os frutos dele.  Aquele que tropeçar nesta pedra, far-se-á em pedaços, e aquele sobre quem ela cair, será esmagado” (Mt 21, 42-44).

[6] Cf. Fohrer, G. História da Religião de Israel, item 2: O relacionamento entre Deus e o homem, p. 90-93. Veja, ainda, p. 224-228, item 3. Iahweh e Israel; p. 229-237; item 4. O homem perante Iahweh.

[7] Cf. Fohrer, G. História da Religião de Israel, SP, 1982, p. 309.

[8] Cf. Fohrer, G. História da Religião de Israel, SP, 1982, p. 304.

[9] Cf. Fohrer, G. História da Religião de Israel, SP, 1982, p. 319-320.

[10] Cf. Fohrer, G. História da Religião de Israel, SP, 1982, p. 394.

[11] Cf. Fohrer, G. História da Religião de Israel, SP, 1982, p. 462.

[12] Cf. Bíblia Ave Maria, rodapé da p. 955, citação referente ao Is 13, 1. Cf. Bíblia de Jerusalém, no rodapé da p. 1274, a citação “b” referente aos capítulos 13 ao 23, item 3: Oráculo Sobre os Povos Estrangeiros.

[13] Bíblia Ave Maria, p. 170.

[14] Cf. Bíblia Ave Maria, rodapé da p. 1101, citação referente ao Jr 50, 1: O exegeta baseando-se em análise literária afirma: “Este oráculo não figura no texto grego, na série dos oráculos contidos no cap. 25, seu contexto é bastante diferente e lhe é posterior”.