Tempo de leitura: 46 minutos

Jesus decifrou o livro selado com sete selos ‒ PARTE I TEXTO
Olá a todos. Meu nome é Francisco. Trago informações que lhes podem ser úteis, para o entendimento e a tomada de posicionamento diante do contexto geopolítico atual, em que crises socioeconômicas e políticas se agravam, e as grandes potências estão quase entrando em vias de guerra nuclear. Hoje é dia 21 de agosto de 2025. Vou focalizar o LIVRO SELADO COM SETE SELOS (cf. Ap 5, 1-5), que o Jesus histórico houvera decifrado. Esse livro contém em uma teoria sócio-histórica, que aborda a realidade histórica em muito longa duração tanto PRÉ-DILUVIANA como PÓS-DILUVIANA. Pois, Conforme veremos mais adiante com ajuda do historiador Fernand Braudel em relação à história em longa duração: determinados fatores estruturais se apresentam ciclicamente, resguardando-se as devidas dimensões e complexidades.[1] Posso dar como exemplo o MODELO DAS SETE ESCALAS DE EXPANSÃO DO GRANDE MERCADO, que vou focalizar, e que se desenvolveu a partir da longa realidade sócio-histórica do Antigo Egito.
O Anjo de Jesus aplicou no livro Apocalipse, precisamente a teoria contida de modo codificado no tal livro selado com sete selos. Ele a aplicou como método de interpretação do contexto geopolítico da realidade sócio-histórica pós-diluviana, em que viveu. Onde desempenhou o papel social do Escolhido do Deus Criador, isto é, o Escolhido que luta pacificamente por uma sociedade justa, fraterna e igualitária. Em razão disto, ele foi assassinado na Palestina, por meio de instigação feita por “intelectuais elitistas” judeus (teólogos e sacerdotes fariseus e saduceus), que estavam aliados aos “anciãos do povo”, ou seja, a aristocracia laica judaica, ambos sob o domínio do Império Romano.
O Jesus histórico viveu e foi assassinado no contexto geopolítico da sexta escala expansiva do Grande Mercado pós-diluviano, que é chamado “Henoc II” (cf. em Gn 5, 24). O signo “Henoc II” tem significado diferente do signo “Henoc I” (a cidade) (cf. Gn 4, 17), Explicarei a respeito deste ponto e de outro semelhante (Lamec I, Lamec II e Lamec III) em outra oportunidade. Enfim, “Henoc II” representa, literalmente, o sexto filho de Adão, na teoria sócio-histórica exposta hermeticamente por meio de alegoria genealógica, no “livro da história da família de Adão” (cf. Gn 5, 1). Reiterando, o signo “Henoc II” simbolizou, na realidade histórica pós-diluviana, a sexta escala imperial de expansão do Grande Mercado. Notem! Grande Mercado pós-diluviano! Sexta escala essa que consistiu na configuração geopolítica do Império Romano.
Quero facilitar o seu entendimento acerca do tema, e a me acompanhar na explicação a respeito do “livro selado com sete selos”. No qual consta, entre outras coisas, também a teoria relativa ao modelo do Grande Mercado. O qual está descrito no “livro da história da família de Adão”. Nessa direção, vou deixar exposto no lado esquerdo da sua tela, resumidamente por meio de um quadro sinótico dividido em duas partes, a representação sinótica tanto do Grande Mercado pré-diluviano como a do Grande Mercado pós-diluviano.
Na parte superior desse quadro sinótico, expus em linha horizontal a representação simbólica da teoria referente às sucessivas escalas expansivas do Grande Mercado PRÉ-DILUVIANO, isto é, a sucessão dos “filhos de Noé”: Set, Enos, Cainan, etc. Abaixo de cada um destes sucessivos “filhos de Noé”, escrevi a correspondente escala expansiva do Grande Mercado pré-diluviano, que aconteceu na realidade histórica do Antigo Egito. Por exemplo, abaixo da escala expansiva “Set” está anotado “1ª Dinastia egípcia”; abaixo da escala Enos está anotado 2ª Dinastia, e assim por diante.
O autor dessa teoria anotou um importante evento histórico, que aconteceu no contexto geopolítico da escala expansiva “Enoc II”, isto é, a emergência do Escolhido de Deus ‒ o segundo Osíris ‒, enfim, ele anotou nos seguintes termos: “Henoc andou com Deus, e desapareceu, porque Deus o levou” (Gn 5, 24). Em razão dessa anotação, também deixei anotado no quadro sinótico, abaixo da escala Henoc II, o nome do Escolhido do Criador, Osíris, que emergiu nesse contesto geopolítico. Notem que, este contexto geopolítico correspondeu, na realidade sócio-histórica do Antigo Egito, ao Médio Império, isto é, a XII Dinastia, cujo centro administrativo estava em Mênfis.
Fiz outras anotações embaixo de outros nomes designativos de escalas do Grande Mercado pré-diluviano, ainda na parte superior desse quadro sinótico. Abaixo da escala Matusalém anotei a definição dada por alguns egiptólogos para esse período geopolítico: 1º Período Intermediário. Todavia, o historiador Burns nomeia mais apropriadamente esse mesmo período, como “feudalismo egípcio”. Abaixo da escala “Lamec III” (Médio Império: XII Dinastia) anotei “1ª grande rede global de mercados macrorregionais” Lamec III, por que o mercado macrorregional egípcio se articulou, então, aos seis demais grandes mercados macrorregionais circunvizinhos.
Do modo indicado acima, a primeira grande rede “global” de mercados macrorregionais foi constituída de sete mercados macrorregionais: egípcio; mesopotâmico; elamita; egeu; hitita; aquele formado pelas cidades situadas na bacia do rio Indo; e aquele outro formado pela Fenícia, Síria e Canaã. Enfim, o Médio Império corresponde à grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III pré-diluviano. O IMPÉRIO MÉDIO é designado Lamec III, e durou de 2060-1785 a.C.[2] A GRANDE REDE GLOBAL DE MERCADOS MACRORREGIONAIS constituída de sete mercados macrorregionais, também é nomeada de Lamec III, porque estavam entrelaçados entre si, e duraram, em média, o mesmo período.[3]
Na parte inferior desse quadro sinótico, apresentei também em linha horizontal, a mesma representação simbólica das sucessivas escalas expansivas da teoria referente ao Grande Mercado, porém, agora, relativas ao Grande Mercado PÓS-DILUVIANO. Isto é, apresentei também a sucessão dos “filhos de Noé”: Set, Enos, Cainan, etc. Pois, vimos que na história em longa duração, determinados fatores estruturais se apresentam ciclicamente, resguardando-se as devidas dimensões e complexidades, ao exemplo do MODELO DAS SETE ESCALAS DE EXPANSÃO DO GRANDE MERCADO. Abaixo de cada um desses sucessivos “filhos de Noé”, escrevi a correspondente escala do Grande Mercado PÓS-DILUVIANO, que aconteceu na realidade histórica subseqüente ao Grande Mercado pré-diluviano. Por exemplo, abaixo da escala “Set” está anotado: “Novo Império egípcio”.
Notem que, embora a primeira escala expansiva do Grande Mercado pós-diluviano tenha iniciado ainda no contexto geopolítico do Antigo Egito (o Novo Império), no entanto, ele seguiria um desdobramento sócio-histórico expansivo de natureza sincrônica e diacrônica. Desdobramento esse cujo estágio “Noé” de graves e irreversíveis crises socioeconômicas e políticas da grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III, mais o “processo de fragmentação tripartite” (EUA, Rússia e China) dessa grande rede global chegaram até a nossa contemporaneidade.
No sentido da expansão de natureza sincrônica e diacrônica, abaixo da escala Enos está anotado “Império Assírio”; abaixo da escala Cainan consta “Império Babilônico caldeu”; abaixo de Malaleel está escrito “Império Persa”; abaixo de Jared está anotado “Império Macedônico”; abaixo de Henoc II consta “Império Romano”, e também “Jesus emergiu” (neste contexto geopolítico); abaixo de Matusalém está escrito “modelo feudal de formação social na Europa”; abaixo de Lamec III consta “grande rede global de mercados macrorregionais”, abaixo de Noé consta fragmentação tripartite “EUA, Rússia e China” da grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III, o prognóstico de novo “dilúvio” e o da volta de Jesus, o Escolhido do Criador.
No final desta live, deixei anotado o link do texto correspondente, que está em meu blog, e que tem anotado o quadro sinótico em tela, mais toda citação bibliográfica, e as datas correspondentes.
O livro Apocalipse
O Jesus histórico aplicou essa mesma teoria, para fazer previsões a respeito de determinados acontecimentos históricos ulteriores ao seu assassinato. Previsões essas contidas, de certo modo, nessa teoria sócio-histórica em tempo de muito longa duração, inclusive a respeito do contexto sócio-histórico de sua volta.
Antes de tudo, é imprescindível entender e considerar, que o Jesus histórico houvera decifrado a referida importante teoria histórica, que foi elaborada por historiadores naturais do Antigo Egito. Os quais a atribuíram ao Criador, isto é, ao Trabalho Cósmico-Social. Essa teoria está registrada de modo “selado com sete selos” (cf. Ap 5, 1). Ou seja, cifrado por meio de herméticas alegorias cósmicas, genealógicas, e também por diferentes outras figuras de linguagem.
João Evangelista registrou, entre as demais informações que o Anjo de Jesus lhe revelou, também aquela referente ao conteúdo do “livro” (Gênese) hermeticamente cifrado, que estava seguro na mão destra do Criador, e que o Jesus histórico decifrou. Posto que, o Jesus histórico era concebido por muitos dos seus contemporâneos, como “o Leão da tribo de Judá, o descendente de Davi” (cf. Mt 20, 29-34; 22, 41-45). O fato de o Jesus histórico haver decifrado o livro em tela, está claro no texto a seguir, em que o Anjo de Jesus atribui a um dos vinte e quatro anciãos, a tarefa de informar a João, o fato do “Leão da tribo de Judá, o descendente de Davi” ter decodificado o referido livro, então, João Evangelista Comentou, e anotou:
“Eu vi também, na mão direita do que estava assentado no trono, um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos… Eu chorava muito, porque ninguém fora achado digno de abrir o livro e examiná-lo. Então um dos anciãos me falou: ‘Não chores! O Leão da tribo de Judá, o descendente de Davi, achou meio de abrir o livro e os sete selos” (Ap 5, 1, 4-5).
Sem conhecer os significados literais que estão simbolizados (Set, Enos, cainan, etc.) na teoria contida no livro selado, que o Jesus histórico decifrou, não podemos conhecer em profundidade a realidade sócio-histórica do evento Jesus histórico. Tão pouco é possível entender o sentido original da doutrina do Mestre, nem em que base ele fez previsões, notadamente quanto ao fato dele afirmar que voltaria (cf. Mt 16, 27-28; 24, 3-45).
Tais previsões estão baseadas na teoria geral sócio-histórica elaborada por historiadores naturais do Antigo Egito. Mais precisamente, ela consta na seção dessa teoria geral, que é denominada “o livro da história da família de Adão” (cf. Gn 5, 1-32; 6, 9). Ou seja, a teoria da genealogia de Adão, que está cifrada por meio de hermética alegoria de natureza genealógica.
Essa teoria consiste em um método de interpretação da realidade sócio-histórica em muito longa duração, relativa às sete sucessivas escalas do processo expansivo do Grande Mercado pré-diluviano, que teve início no Antigo Egito. Tais historiadores do Antigo Egito se basearam na realidade sócio-histórica muito longa do Antigo Egito, para a elaboração de uma teoria sócio-histórica geral do Antigo Egito. A qual envolve e extrapola a teoria relativa ao Grande Mercado, que se desenvolveu no Antigo Egito, e que está contida no “livro da história da família de Adão“. Hoje, estou vou abordando somente a teoria contida nesse livro.
Para o melhor entendimento deste meu trabalho, é essencial conhecer, desde já, a noção de história de “longa duração“, conforme desenvolvida por Fernand Braudel. Pois, antes dele, o estudo sócio-histórico em muito longa duração, que é de natureza estrutural e cíclica, na verdade, foi negligenciado pelos historiadores. Braudel afirma que estes historiadores negligentes, na verdade, preocupavam-se exclusivamente com o tipo de “narrativa precipitada, dramática, de fôlego curto”.
Mas, Braudel desenvolveu a noção de história de longa duração, que aborda a realidade sócio-histórica pela perspectiva cíclica e estrutural. Ou seja, como método de interpretação dessa realidade. Essa noção de história é uma ferramenta importantíssima, sem a qual, não podemos entender a doutrina de Jesus, nem a dos demais grandes profetas individuais.[4] Alguns dos quais conheciam, ao menos em parte, a teoria histórica elaborada por historiadores do Antigo Egito, que inclui a “teoria da genealogia de Adão”, ao exemplo de Isaías, Amós, Oséias, Jeremias, Ezequiel e outros mais, a exemplo de Daniel e Zacarias.
Alguns desses profetas conheciam e aplicavam tais teorias, no intuito de fazer previsões históricas em longa duração. Eles também aplicavam essa teoria, cada qual no contexto geopolítico do seu tempo histórico pós-diluviano, para tentar identificar determinadas configurações de natureza geopolítica e mercantil. As quais pudessem corresponder a algumas das sucessivas escalas expansivas do Grande Mercado pré-diluviano, que estavam alegoricamente simbolizadas na teoria da genealogia de Adão, por meio dos nomes dos filhos Adão: Set, Enos, Cainan, Malalel, Jared, Henoc, Matusalém, Lamec III e Noé. Desse modo, eles puderam identificar no curso sócio-histórico pós-diluviano: a escala Set como sendo o Novo Império egípcio; a escala Enos como correspondente ao Império Assírio, e assim por diante.
Esses grandes profetas individuais procuravam identificar, sobretudo, no curso sócio-histórico pós-diluviano a configuração geopolítica e mercantil equivalente a escala Henoc II pré-diluviana. Na qual o Escolhido do Criado, Osíris, emergiu. Pois, a teoria codificada hermeticamente por meio de alegoria genealógica, que foi abstraída da longa realidade histórica do Antigo Egito, estava contida no “livro da história da família de Adão”. Vejamos, resumidamente, Braudel definindo a longa duração:[5] O texto de Braudel é relativamente longo, então, vou encerrar aqui a live de hoje, mas esse texto constará em meu blog.
“A história tradicional, atenta ao tempo breve, ao indivíduo, ao evento, habituou-se há muito tempo à sua narrativa precipitada, dramática, de fôlego curto. A nova história econômica e social põe no primeiro plano de sua pesquisa a oscilação cíclica e assenta sobre sua duração: prendeu-se à miragem, também a realidade das subidas e descidas cíclicas dos preços (…) Bem além desse segundo recitativo, situa-se uma história de respiração mais contida ainda, e, desta vez, de amplitude secular: a história de longa e mesmo, de longuíssima duração (o grifo é nosso). …Além dos ciclos e interciclos há o que os economistas chamam, sem estudá-la, sempre, a tendência secular. Mas ela ainda interessa a raros economistas e suas considerações sobre crises estruturais, não tendo sofrido a prova das verificações históricas se apresentam como esboços ou hipóteses, apenas enterrado no passado recente (…) Entretanto, oferecem útil introdução à história de longa duração. São uma primeira chave. A segunda, bem mais útil, é a palavra estrutura. Boa ou má, ela domina os problemas da longa duração. Por estrutura, os observadores do social entendem, uma organização, uma coerência, relações bastantes fixas entre realidades e massas sociais. Para nós, historiadores, uma estrutura é sem dúvida, articulação, arquitetura, porém mais ainda, uma realidade que o tempo utiliza mal e veicula mui longamente. Certas estruturas, por viverem muito tempo, tornam-se elementos estáveis de uma infinidade de gerações: atravancam a história, incomodando-a, portanto, comandando-lhe o escoamento”.
Jesus decifrou o livro selado com sete selos ‒ PARTE II
Olá a todos. Agradeço a assistência de vocês. O meu nome é Francisco, hoje é dia 22 de agosto de 2025. Venho fazendo estudos a respeito do tema “Grande Mercado pré e do pós-diluviano, a cerca de quarenta anos. Tenho alguns livros que focalizam esse tema, a exemplo do livro Teoria da História − Do grande mercado global pré-diluviano ao grande mercado global contemporâneo.
Vimos no vídeo anterior, o fato do Anjo de Jesus haver decodificado o “livro selado com sete selos”, e aplicado precisamente a teoria contida de modo codificado no tal livro, como método de interpretação do contexto geopolítico da realidade sócio-histórica pós-diluviana em que viveu e foi assassinado.[6] Assim, ele expôs no livro Apocalipse diversas previsões históricas, inclusive a do contexto da sua volta. O Jesus histórico desempenhou o papel social do Escolhido do Deus Criador: o Escolhido que luta pacificamente por uma sociedade justa, fraterna e igualitária. Em razão disto, ele foi assassinado na Palestina, por meio de instigação feita por “intelectuais elitistas” (teólogos e sacerdotes fariseus e saduceus) aliados aos “anciãos do povo”, ou seja, a aristocracia laica judaica, ambos sob o domínio do Império Romano.
O Grande Mercado é cíclico: ele se repete em tempo longo
Vimos também no vídeo anterior com o notável historiador Fernand Braudel, que na realidade sócio-histórica em tempo de muito longa duração, o processo das sucessivas escala de expansão do Grande Mercado se repete ciclicamente, resguardando-se as devidas dimensões e complexidades. Em razão disto, a teoria da genealogia de Adão que foi abstraída da longa realidade sócio-histórica do Grande Mercado pré-diluviano do Antigo Egito, e que está exposta codificadamente no “livro da história da família de Adão”, é aplicável também na análise dos desdobramentos expansivos do Grande Mercado pós-diluviano.
Na direção acima indicada, posso adiantar, de antemão e resumidamente, a correlação – tendo-se a teoria da genealogia de Adão como referência − na realidade sócio-histórica, entre, de um lado, o Grande Mercado pré-diluviano e, do outro, o Grande Mercado pós-diluviano. Este que se estende até a nossa contemporaneidade.
Objetivo facilitar o seu entendimento acerca do tema, e a me acompanhar na explicação a respeito do “livro selado com sete selos”. No qual consta, entre outras coisas, também a teoria relativa ao modelo do Grande Mercado. O qual está hermeticamente descrito por meio de alegoria genealógica no “livro da história da família de Adão”. Nessa direção, expus no lado esquerdo da sua tela, resumidamente por meio de um quadro sinótico dividido em duas partes, a representação sinótica tanto do Grande Mercado pré-diluviano como a do Grande Mercado pós-diluviano.
Embora pareça absurdo estarmos, ainda, contemporaneamente condicionados pelo curso histórico de uma instituição coletiva ‒ o Grande Mercado pós-diluviano ‒ que iniciou há cerca de três mil e seiscentos anos, com o início do Novo Império egípcio.[7] Todavia, precisamos admitir isto como fato histórico de natureza sócio-histórica em muito longa duração. Pois, sem essa compreensão, não poderemos entender as diversas abordagens sócio-históricas expostas pelo Anjo de Jesus no livro Apocalipse. Em razão disto, estou reiterando aspectos pertinentes a sócio-história em muito longa duração.
Na parte superior do referido quadro sinótico, expus em linha horizontal a representação simbólica da teoria referente às sucessivas escalas expansivas do Grande Mercado PRÉ-DILUVIANO, isto é, a sucessão dos “filhos de Noé”: Set, Enos, Cainan, etc. Abaixo de cada um destes sucessivos “filhos de Noé”, escrevi a correspondente escala expansiva do Grande Mercado pré-diluviano, que aconteceu na realidade histórica do Antigo Egito. Por exemplo, abaixo da escala expansiva “Set” está anotado “1ª Dinastia egípcia”; abaixo da escala Enos está anotado 2ª Dinastia, e assim por diante.
O autor dessa teoria anotou um importante evento histórico, que aconteceu no contexto geopolítico da escala expansiva “Henoc II”, isto é, a emergência do Escolhido de Deus ‒ o segundo Osíris ‒, enfim, ele anotou nos seguintes termos: “Henoc andou com Deus, e desapareceu, porque Deus o levou” (Gn 5, 24). Em razão dessa anotação, também deixei anotado no quadro sinótico, abaixo da escala Henoc II, o nome do Escolhido do Criador, Osíris, que emergiu nesse contesto geopolítico. Notem que, este contexto geopolítico correspondeu, na realidade sócio-histórica do Antigo Egito, a VI Dinastia, cujo centro administrativo estava em Mênfis.
Fiz outras anotações embaixo de outros nomes designativos de escalas do Grande Mercado pré-diluviano, ainda na parte superior desse quadro sinótico. Abaixo da escala Matusalém anotei a definição dada por alguns egiptólogos para esse período geopolítico: 1º Período Intermediário. Todavia, o historiador Burns nomeia mais apropriadamente esse mesmo período, como “feudalismo egípcio”. Abaixo da escala “Lamec III” (Médio Império: XII Dinastia: (2060-1785 a.C.) ) anotei “1ª grande rede global de mercados macrorregionais”, por que o mercado macrorregional egípcio se articulou, então, aos demais grandes mercados macrorregionais circunvizinhos. Assim, a primeira grande rede “global” de mercados macrorregionais foi constituída: egípcio; mesopotâmico; elamita; egeu; hitita; aquele formado pelas cidades situadas na bacia do rio Indo; e aquele outro formado pela Fenícia, Síria e Canaã. Enfim, o Médio Império corresponde à grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III pré-diluviano.[8]
Na parte inferior desse quadro sinótico, apresentei também em linha horizontal, a mesma representação simbólica das sucessivas escalas expansivas da teoria referente ao Grande Mercado, porém, agora, relativas ao Grande Mercado PÓS-DILUVIANO. Isto é, apresentei também a sucessão dos “filhos de Noé”: Set, Enos, Cainan, etc. Pois, vimos que na história em longa duração, determinados fatores estruturais se apresentam ciclicamente, resguardando-se as devidas dimensões e complexidades, ao exemplo do MODELO DAS SETE ESCALAS DE EXPANSÃO DO GRANDE MERCADO. Abaixo de cada um destes sucessivos “filhos de Noé”, escrevi a correspondente escala do Grande Mercado PÓS-DILUVIANO, que aconteceu na realidade histórica subseqüente ao Grande Mercado pré-diluviano. Por exemplo, abaixo da escala “Set” está anotado: “Novo Império egípcio”.
Notem que, embora a primeira escala expansiva do Grande Mercado pós-diluviano tenha iniciado ainda no contexto geopolítico do Antigo Egito (o Novo Império), no entanto, ele seguiria um desdobramento sócio-histórico expansivo de natureza sincrônica e diacrônica. Desdobramento esse cujo estágio “Noé” de graves e irreversíveis crises socioeconômicas e políticas da grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III, mais o “processo de fragmentação tripartite” (EUA, Rússia e China) dessa grande rede global chegaram até a nossa contemporaneidade.
No sentido da expansão de natureza sincrônica e diacrônica, abaixo da escala Enos está anotado “Império Assírio”; abaixo da escala Cainan consta “Império Babilônico caldeu”; abaixo de Malaleel está escrito “Império Persa”; abaixo de Jared está anotado “Império Macedônico”; abaixo de Henoc II consta “Império Romano”, e consta também “Jesus emergiu” (neste contexto geopolítico); abaixo de Matusalém está escrito “modelo feudal de formação social na Europa”; abaixo de Lamec III consta “grande rede global de mercados macrorregionais”, abaixo de Noé consta fragmentação tripartite “EUA, Rússia e China da grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III, previsão de novo “dilúvio” (grave e prolongada convulsão social) e a volta de Jesus, o Escolhido do Criador.
No final desta live, deixei anotado o link do texto correspondente, que está em meu blog, e que tem anotado o quadro sinótico em tela, mais toda citação bibliográfica, e as datas correspondentes.
Vejamos as sucessivas escalas expansivas do Grande Mercado pré-diluviano
Set: (cf. Gn 5, 3) − I Dinastia tinita (3080-2925 a.C.);
Enos: (cf. Gn 5, 6) − II Dinastia tinita (2925-2700 a.C.);
Cainan: (cf. Gn 5, 9) − III Dinastia (2700-2625 a.C.);
Malaleel: (cf. Gn 5, 12) − IV Dinastia (2625-2510 a.C.);
Jared: (cf. Gn 5, 15) − V Dinastia (2510-2460 a.C.);
Henoc: (cf. Gn 5, 18) − VI Dinastia (2460-2190 a.C.), cuja sede da configuração espacial egípcia era a cidade Mênfis. O autor inseriu na exposição desse desdobramento, a fórmula indicativa da emergência do Escolhido do Criador nesse contexto, que certamente consistiu no segundo Osíris:
“Henoc andou com Deus, e desapareceu, porque Deus o levou” (Gn 5, 24);
Matusalém: (cf. Gn 5, 21) − I Período Intermediário ou Período feudal egípcio conforme Burns define mais apropriadamente (2200-2040 a.C.)[9];
Lamec III: O Médio Império egípcio (XII Dinastia) e seu poderoso mercado macrorregional se articularam aos demais poderosos mercados macrorregionais circunvizinhos (mesopotâmio; elamita; egeu; hitita; conjunto de cidades-estados sírias, fenícias e cananéias; cidades da bacia do rio Indo: Mahenjo-daro, Harapa, Chanhu-daro, Laore, etc.). Assim, tomou forma à grande rede “global” de sete mercados macrorregionais, que também pode ser chamada de “Lamec III, em razão de considerar como referência o Médio Império egípcio, do Grande Mercado da Era pré-diluviana.[10]
O estágio “Noé” da Era pré-diluviana corresponde ao II Período Intermediário egípcio e os Hicsos (da 13ª a 17ª dinastia, ou seja, a grave, longa e irreversível depressão socioeconômica e crises políticas, que iniciaram e acompanharam a grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III dessa Era, que durou de 1785 a 1580 a.C.[11] [NOTA: Lévêque] Isto começou a acontecer quando essa grande rede global de mercados macrorregionais atingiu o seu limite de expansão, de alicerçamento e de complexidade.
Sem, Cam e Jafet: Quando a grande rede Lamec III atingiu o seu limite de expansão, então, a crise Noé desencadeou o processo gradual de fragmentação tripartite, Sem, Cam e Jafet, dessa grande rede global de mercados macrorregionais. O autor também inseriu na exposição da fase auge dessa fragmentação, a mesma fórmula indicativa da emergência do Escolhido do Criador, que provavelmente consistiu no personagem Melquisedec. Nesse sentido, o referido autor anotou:
“Noé era um homem justo e perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele andava com Deus” (Gn 6, 9-b).
O autor da teoria da genealogia de Adão representou a referida fragmentação, por meio de alegoria genealógica. Assim, ele nomeou essa fragmentação tripartite de Sem, Cam e Jafet, e os considerou como “filhos de Noé”.
Demonstro que segundo a teoria da genealogia de Adão, a fragmentação tripartite dessa grande rede global pré-diluviana é alegoricamente representada nos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafet. Os quais correspondem, respectivamente, aos povos e concernentes configurações espaciais fornecidas no livro Gênese (cf. Gn 10, 1-32). Ainda neste livro, o exegeta explica resumidamente este quadro “genealógico”, e o atribui a tradição sacerdotal, com elementos da tradição javista: Conforme consta na Bíblia de Jerusalém, cuja referência bibliográfica consta no texto.[12]
“Sob a forma de um quadro genealógico este capítulo fornece uma tábua dos povos, agrupados menos segundo suas afinidades étnicas do que segundo relações históricas e geográficas: os filhos de Jafé povoam a Ásia Menor e as ilhas do Mediterrâneo; os filhos de Cam, os países do sul: Egito, Etiópia, Arábia, e Canaã lhes é ligado em lembrança da dominação egípcia sobre esta região; entre esses dois grupos estão os filhos de Sem: elamitas, assírios, arameus e os antepassados dos hebreus“.
É Importante observarmos o quadro atual, isto é, pós-diluviano da grande rede global de mercados macrorregionais em pleno processo de fragmentação tripartite: China, seus satélites e demais áreas de influência; Rússia, seus satélites e demais áreas de influência; EUA, seus satélites e demais áreas de influência. Pois, na grande rede global pré-diluviana, o auge desse processo de fragmentação foi marcado, por um lado, por um período de cerca de quarenta anos de ruptura abrupta metaforicamente rotulada “dilúvio”. Isto é, as pessoas daquela época foram pegas de surpresa, porque não esperavam o aspecto abrupto de ruptura do advento do gravíssimo caos socioeconômico e político. E, por outro lado, pela emergência do Escolhido do Criador, possivelmente Melquisedec.
A teoria da genealogia de Adão aplicada na interpretação sócio-histórica da Era pós-diluviana, na realidade, vem se adequando plenamente como método de interpretação. Podemos especular, por conseguinte, que estamos na eminência de um novo quadro de ruptura abrupta e de nova emergência do Escolhido do Criador, no contexto socioestórico e geopolítico contemporâneo.
Dilúvio. A alegoria do “dilúvio” (inundação universal) consiste no marco divisório entre, de um lado, o Grande Mercado pré-diluviano e, do outro, o Grande Mercado pós-diluviano. Ou melhor, Consiste no auge da crise Noé e da respectiva fragmentação tripartite, que são pertinentes a grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III pré-diluviano.
O Grande Mercado pós-diluviano
Acima, focalizei o Grande Mercado pré-diluviano, agora, vou tratar do Grande Mercado pós-diluviano.
Vimos que na realidade sócio-histórica em muito longa duração, o modelo do processo de sucessivos estágios cada vez mais expansivos do Grande Mercado se repete ciclicamente, resguardando-se as devidas dimensões e complexidades. Subsequentemente ao “dilúvio” que, por um lado, marcou o encerramento da Era pré-diluviana e, por outro, marcou o início da Era pós-diluviana, porém, graves e prolongadas convulsões sociais ainda ocorreram. Por fim, o mercado recrudesceu, gradativamente, depois de longo tempo. Na realidade sócio-histórica esse recrudescimento correspondeu a um novo modelo “Set” previsto, devidamente, na teoria da genealogia de Adão. “Set” este que consistiu no Novo Império egípcio. Esse novo Set da teoria da genealogia de Adão correspondeu à primeira escala do novo processo de expansão do Grande Mercado, que deve ser considerado como pós-diluviano. Desse modo, subsequentemente seguiriam as demais seis escalas do modelo de Grande Mercado, que são pautadas segundo a teoria contida no “livro da história da família de Adão. Vamos lá:
Set: Novo Império egípcio (1580-1160 a.C.);
Enos: Império Assírio (772-612 a.C.);
Cainan: Império Babilônico caldeu (612-539 a.C.);
Malaleel: Império Persa (539-330 a.C.);
Jared: Império Macedônico ou Helenístico (330 a 27 a.C.);
Henoc: Império Romano (27 a.C. a 476 d.C.). Vimos que o autor da teoria em questão inseriu na exposição do contexto geopolítico da escala Henoc do Grande Mercado pré-diluviano, a fórmula indicativa da emergência do Escolhido do Criador, que neste caso prédiluviano sabemos que se tratou do segundo Osíris: “Henoc andou com Deus” (Gn 5, 24-a). O autor acrescentou: “e desapareceu, porque Deus o levou” (Gn 5, 24-a). Todavia, sabemos também que no caso do Grande Mercado pós-diluviano, o Escolhido do Criador que emergiu foi o Jesus histórico, o Filho do Homem.
Matusalém: Idade Medieval e regime feudal na Europa (400 a 1300 d.C.);
Lamec III: (1400 as décadas 70-80 do século passado). Na Era pós-diluviana, Lamec III corresponde à grande rede global de mercados macrorregionais, que teve início por volta de 1440-1500, por meio das grandes navegações, e da formação de colônias imperiais submetidas a países imperialistas da Europa Ocidental. Essa grande rede veio se tornando mais abrangente, alicerçada e complexa até as décadas 70-80 do século passado, quando ela atingiu o seu limite de expansão. Então, ela passou a ser afetada pela fase Noé de grave, longa e irreversível recessão socioeconômica e graves crises políticas;
Noé e seus “três filhos” da Era pós-diluviana. Isto é, a fragmentação tripartite os EUA e o bloco sob a sua hegemonia, a Rússia e seu bloco, China e seu bloco. Fragmentação tripartite essa homóloga a da grande rede global Lamec III pré-diluviana, que foi simbolizada em Sem, Cam e Jafet.
Quando a grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III contemporânea atingiu o seu limite de abrangência, por volta das décadas 70-80 do século passado, então, a crise Noé desencadeou o início do processo gradual de fragmentação tripartite, “Sem, Cam e Jafet’, dessa grande rede global.[13]
Vimos que na exposição da teoria contida no “livro da história da família de Adão”, o autor também inseriu na fase Noé pré-diluviana, a mesma fórmula indicativa da emergência do Escolhido do Criador:
“Noé era um homem justo e perfeito no meio dos homens de sua geração. Ele (Noé) andava com Deus” (Gn 6, 9-b).
Portanto, estamos na iminência de nova emergência do Escolhido do Criador: a volta do Filho do Homem. O Anjo de Jesus se baseou nesta parte da teoria da genealogia de Adão, para responder aos discípulos, que lhe perguntaram a respeito da sua volta. Nesse sentido, Mateus Registrou:
“Indo ele (Jesus) assentar-se no monte das Oliveiras, achegaram-se os discípulos, e, estando a sós com ele, perguntaram-lhe: ‘Quando acontecerá isto? E qual será o sinal de tua volta e do fim do mundo?’ Respondeu-lhe Jesus… Assim como foi nos tempos de Noé, assim acontecerá na vinda do Filho do Homem. Nos dias que precederam o dilúvio, comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E os homens de nada sabiam, até o momento em que veio o dilúvio, e os levou a todos, Assim será também a volta do Filho do Homem” (Mt 24, 3, 37-39).
Na Era “pós-diluviana” (contemporânea) já estão acontecendo às crises, que são homólogas as que desencadearam o processo de fragmentação tripartite, da grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III do Grande Mercado pré-diluviano. Nomeio simbolicamente de Sem, Cam e Jafet, a atual fragmentação tripartite: EUA e seu bloco, Rússia e seu bloco e China e seu bloco.
George Orwell captou magistralmente o quadro sócio-histórico da fragmentação tripartite contemporânea, mesmo antes de publicar, em 1949, o livro em 1984: a fragmentação tripartite da contemporânea grande rede global de mercados macrorregionais Lamec III. Isto é: o “Império Norte Americano e demais países sob o seu domínio” (Oceania); “China e demais países sob a sua esfera de influência” (Lestásia); “Federação Russa e países sob a sua esfera de influência” (Eurásia).[14] [NOTA:] Orwell captou ainda magistralmente, algo que não ficou muito claro, na descrição do quadro tripartite apresentado no livro Gênese (cf. Gn 10). Ou seja, Além das três regiões pertinentes a fragmentação tripartite, ele notou e delimitou uma quarta região, de permanente disputa entre os três grandes Estados e respectivas áreas de influência.
Alguns pensadores contemporâneos já pressentiram a grande dimensão da crise das décadas 70-80, e aos seus possíveis desdobramentos caóticos. Vimos que David Harvey mostrou diversos e importantes indicadores econômicos relativos à crise das décadas 70-80:[15]
“O início da transição do modo fordista para o flexível de acumulação capitalista” (p. 140, 177); “o início da formação e ascensão hegemônica do sistema financeiro autônomo, único e interligado globalmente”. (p. 152-155, 181).
A respeito desses indicadores, o referido autor concluiu (p. 183, 177-178.):
“É de fato tentador considerar tudo isso um prelúdio de uma crise financeira que faça 1929 parecer uma nota de pé de página da história” (p. 183);
“Tudo isso tem produzido uma massa de informações que parece sustentar a visão de que há uma grande transformação no modo de operação do capitalismo do final do século XX. Com efeito, já surgiu uma vasta literatura, das extremidades esquerda e direita do espectro político, que tende a descrever o mundo como se ele estivesse no auge de uma ruptura radical em todas as dimensões da vida socioeconômica e política a que nenhum dos velhos modos de pensar e de fazer ainda se aplicam” (p. 177-178.).
Seria oportuno a aplicação do método comparativo entre, de um lado, o “quadro das nações” concernente ao processo de fragmentação tripartite pré-diluviana apresentada no livro Gênese (cf. Gn 10, 1-31) e, do outro, o processo de fragmentação da fragmentação triparte (Oceania, Lestásia e Eurásia) contemporânea. Essa comparação pode ajudar a esclarecer aspetos não muito claros, nos dois quadros, e prever tendências para o processo da fragmentação tripartite contemporânea.[16]
A elaboração da teoria da genealogia de Adão foi possibilitada, em razão da existência de “Anais” (registros oficiais de natureza histórica), em que constavam em separado, os nomes dos reis tanto do Alto como do Baixo Egito, do período final do Pré-dinástico recente. Nesses Anais (Pedra de Palermo redigida sob a V Dinastia (2480 a 2350 a.C.); Papiro de Turim redigido sob Ransés II (1290 a 1224 a.C.); e diversos outros documentos), constavam também os faraós de todas as sequências dinásticas egípcias do Antigo Império, e também do Médio Império, e até dos dois Períodos Intermediários. Tudo isso era conservado nos templos, conforme Lévêque esclarece:[17]
“O Egito não parece ter tido ‘historiadores’, como os gregos e Roma possuíram. Contudo, está fora de dúvida que, nos seus arquivos, os templos conservavam Anais de caráter histórico, nos quais estavam consignados os nomes dos reis, a duração do seu reinado e, por vezes, os principais acontecimentos que tinham ocorrido. Poucos desses documentos chegaram até nós. O mais antigo, gravado numa laje de diorito, é conhecido sob o nome de Pedra de Palermo (local onde se encontra). Redigido sob a V Dinastia”.
A referida teoria sócio-histórica geral elaborada por antigos egípcios, consta nos primeiros capítulos do livro Gênese, e focaliza as sucessivas etapas do processo genealógico sócio-histórico em muito longa duração da sociedade humana, e respectiva produção do conhecimento: os sete dias da criação (cf. Gn 1, 1-8). Por outro aspecto, a tal teoria aborda as referidas etapas do processo genealógico sócio-histórico, pela perspectiva das estruturas sociais permanentes, seus desdobramentos e aspectos cíclicos. Os antigos egípcios elaboradores dessa teoria escolheram a divisão social do trabalho como instituição estrutural dominante, e também como unidade de mudança. Demonstrarei tudo isso oportunamente.
.
[1] Braudel, F. História e Ciências Sociais − 1. A longa Duração, Editorial Presença, tradução de Rui Nazaré, Lisboa, 1990, p. 9-10, 14. Em PDF fornecido pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais da PUC/S.P. <https://blogdorosuca.files.wordpress.com/2011/04/braudel-fernand-a-longa-durac3a7c3a3o-in-histc3b3ria-e-cic3aancias-sociais.pdf>
[2]LÉVÊQUE, Pierre. As Primeiras Civilizações. Volume I – Os Impérios do Bronze, Edições 70 LDA, Lisboa, 1987. Médio Império, p. 159.
[3]Cf. Machado, F. A. Teoria da História − Do grande mercado global pré-diluviano ao grande mercado global contemporâneo Edição do autor, p. 215-245.
[4] Fohrer, G. História da Religião de Israel, p. 328-330: Fohrer considera que os grandes profetas individuais eram intensamente motivados em suas condutas, por Iahweh, o Deus do amor ao próximo, do direito e da justiça social, e que eles procederam por duas linhas de ação contestadora: 1. Combateram e amaldiçoaram o templo-edifício de Jerusalém, os sacerdotes, os falsos profetas e a aliança deste com as elites políticas (casa real), econômicas e jurídicas; 2. Exaltaram a conduta justa e fraterna do indivíduo, como verdadeiramente do agrado de Iahweh. Eles advertiram os israelitas quanto ao uso maligno, que os sacerdotes e seus aliados faziam, tanto em relação ao templo-edifício de Jerusalém, no Reino do Sul (Judá) como nos santuários do Reino do Norte (Israel). Os grandes profetas individuais se distinguem das demais categorias de “profetas”. Nesse sentido, eles são chamados de “individuais”, porque cada qual exercia, de modo isolado e independente, o seu ministério. Isto é, eles não viviam em grupo ou guilda de profetas, conforme viviam outras categorias, cujos integrantes também eram chamados de “profetas”, e que bajulavam autoridades, em troca de alguma vantagem, ao exemplo da guilda de profetas ligados a Samuel (cf. 1Sm 19, 20), e de Eliseu e seu grupo de profetas. Noutro sentido, os grandes profetas individuais se distinguiam das diversas categorias de falsos profetas. Fohrer mostra que durante todo período pré-exílico e mesmo até ao início do período pós-exílico havia entre os israelitas, diversas categorias de falsos profetas. Os quais inventavam “profecias” mentirosas e otimistas, para enganar o povo simples, enquanto facilitava as elites políticas, econômicas e sacerdotais explorarem, impiedosamente, os trabalhadores pobres. Em razão desse modo impúrio de proceder, estes falsos profetas também são chamados de “profetas otimistas”, a exemplo de Naum e Habacuc (cf. p. 326). Havia, ainda, a categoria de profetas cultuais, a exemplo de Abdias (cf. p. 290; 398). Os quais podem ser chamados, também, de “profetas da corte” ou “profetas profissionais”, que atuavam mancomunados nos cultos executados dentro ou fora do templo, com as elites: teólogos e sacerdotes; as lideranças políticas (reis), juízes corruptos e com as elites econômicas (agiotas, cambistas, grandes latifundiários, comerciantes, etc.).
[5] Braudel, F. História e Ciências Sociais − 1. A longa Duração, Editorial Presença, tradução de Rui Nazaré, Lisboa, 1990, p. 9-10, 14. Em PDF fornecido pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais da PUC/S.P. <https://blogdorosuca.files.wordpress.com/2011/04/braudel-fernand-a-longa-durac3a7c3a3o-in-histc3b3ria-e-cic3aancias-sociais.pdf>
[6] Anjo de Jesus: João registrou no Apocalipse, ao se referir ao Anjo de Jesus, os termos “Anjo” (cf. Ap 1, 1-c) e “Espírito” (Ap 3, 22). Posso empregar, por vezes, esses termos, ao me referir a “Jesus”, porém, em distinção ao “Jesus já morto, mas ressuscitado”, que assim se fez presente, “fisicamente”, em algumas ocasiões (cf. Mt 27, 6, 9,16; Jo 20, 14-18, 19-23, 24-29), diante de alguns dos seus principais discípulos. Posso nomear de Anjo de Jesus ou “Anjo do Senhor”, o “Jesus” que se comunicou com João Evangelista, estando aquele na condição subjetiva de “Anjo” (cf. Ap 1, 1) ou “Espírito” (Ap 3, 22). Na esfera “céu” da dimensão “meta-subjetiva”, do Universo Paralelo céu-terra. Todavia, evito empregar o termo ”Espírito”, em razão de esse termo estar eivado de ranço, sobretudo, espiritualista, desde muito tempo, que passa pelo racismo kardecistas, e pelo idealismo platônico e suas derivações.
[7] LÉVÊQUE, Pierre. As Primeiras Civilizações. Volume I – Os Impérios do Bronze, Edições 70 LDA, Lisboa, 1987. Novo Império: 1580-1160 a.C., p. 191.
[8] Cf. Machado, F. A. Teoria da História − Do grande mercado global pré-diluviano ao grande mercado global contemporâneo Edição do autor, p. 215-245.
[9] Burns, E. M. História da Civilização Ocidental, p. 47. Egiptólogos convencionaram nomear de I Período Intermediário, o período de caos social que se desenvolveu no Egito, em decorrência da descentralização da VI Dinastia. O historiador Burns nomeia mais apropriadamente o mesmo período como Idade Feudal egípcia, em razão da analogia das características desse período com o modelo de formação social feudal desenvolvido durante a Idade Média na Europa Ocidental. Em razão de o Império Romano haver se descentralizado.
[10] Lévêque, Pierre, As Primeiras Civilizações. Datação: p. 225-226: Set − I Dinastia tinita (3150-2925 a.C.); Enos − II Dinastia tinita (2925-2700 a.C.); Cainan − III Dinastia (2700-2625 a.C.); Malaleel − IV Dinastia (2625-2510 a.C.) ; Jared − V Dinastia (2510-2460 a.C.); Henoc − VI Dinastia (2460-2040 a.C.).
Datação: p.146: − Matusalém − I Período Intermediário ou regime feudal (2200-2040 a.C.).
Datação: p. 159: Lamec III − Médio Império (2060-1785 a.C.).
Datação: p. 175-184: Noé − II Período Intermediário, fragmentação tripartite Sem, Cam e Jafet, e no auge dessa fragmentação aconteceu o “dilúvio” e nova emergência do Escolhido do Criador (1785-1580).
[11] LÉVÊQUE, Pierre. As Primeiras Civilizações. Volume I – Os Impérios do Bronze, Edições 70 LDA, Lisboa, 1987. Novo Império: 1580-1160 a.C., p. 175.
[12] Bíblia de Jerusalém, p. 47, citação “a” referente à Gn 10, 1-32.
[13] Datação: Novo Império egípcio (1580-1160 a.C.): Lévêque. As primeiras Civilizações. Volume I – Os Impérios do Bronze, p. 191; Império Assírio (1300-612 a.C.) no âmbito da Mesopotâmia: Burns, E. M. História da Civilização Ocidental, p. 86-87; e de 772-612 a.C. os assírios foram hegemônicos em todo Oriente Médio: Burns, Idem, p.77; Império Babilônico caldeu (612-539 a.C.): Burns, idem, p. 77-78; Império Persa (539-330 a.C.): Burns, idem, p 78, 97, 100; Civilização Helenística ou Império Macedônico (323-27 a.C.): Burns, idem, p.167, 230; Império Romano ( 27 a.C. a 476 d.C.): Burns, idem, p. 230, 242, 244; Civilização Ocidental dos começos da Idade Média (400-800 d.C.) Burns, idem, p. 251. Desenvolvimento do feudalismo na Europa Ocidental (800-1300); Burns, idem, p. 253. Modelo feudal de formação social este que recebeu muitos aspectos dos Germanos: Burns, idem, p. 268. [Civilização Bizantina (500-1453), Civilização Sarracena (do século VII ao fim do século XIII) Burns, idem, p. 253].
[14] Orwell, George. 1984. Tradução de Alexandre Hubner e Heloisa Jahn, 45ª reimpressão, Companhia das Letras, SP, 1949, p. 220-221.
[15] Harvey, D. Condição Pós-moderna – Uma pesquisa sobre as origens da mudança cultural, p. 140, 177; 152-155, 181.
[16] Vide Bíblia de Jerusalém, no rodapé da p. 47, a citação “a” referente ao capítulo 10, versículos 1-4 (A tábua das nações). O exegeta esclarece acerca da divisão geográfica tripartite, relações políticas e respectivos povos: “Sob a forma de um quadro genealógico este capítulo fornece uma tábua dos povos, agrupados menos segundo suas afinidades étnicas do que segundo suas relações históricas e geográficas: os filhos de Jafé povoam a Ásia Menor e as ilhas do Mediterrâneo; Os filhos de Cam, os países do Sul: Egito, Etiópia, Arábia e Canaã lhes são ligados em lembrança da dominação egípcia sobre essa região; entre esses dois grupos estão os filhos de Sem: Elamitas, assírios, arameus e os antepassados dos hebreus. O quadro é de tradição sacerdotal, com elementos da tradição javista (vv. 18-19.21.24-38)…”
[17] Lévêque, Pierre. As Primeiras Civilizações, Volume I − Os Impérios do Bronze, p. 86.