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Olá a todos. Hoje é 13/09/25. As elites egípcias do poderoso e rico Novo Império tinham os felás como os seus segmentos trabalhadores nativo, que os dominava rigidamente e os exploravam de igual modo. Além desses trabalhadores, essas elites dispunham de escravos oriundos da núbia e da líbia e certamente de outras regiões.
Iahweh escolheu, sobretudo, as tribos oriundas de Canaã, entre as quais havia a tribo de Israel, para mostrar, simplesmente, o modelo de formação social que ele projetou para a humanidade. Pois, havia outras tribos originárias de Canaã. Todas essas tribos estavam exercendo duro trabalho escravo, para as construções das cidades-armazéns de Pitom e de Ransés, (cf. Ex 1, 11), na época do faraó Ransés II (1190-1224 a.C.).[1]
Em Canaã nunca houve um grande império, mas diversas cidades-estado, em que havia hierarquização social e forte centralização política. As elites dessas cidades dominavam e exploravam impiedosamente seus segmentos sociais de senso comum, isto é, os segmentos trabalhadores. Canaã era o corredor comercial siro-palestino, em que circulavam mercadorias entre o Egito, a Mesopotâmia, as ilhas do mediterrâneo, a região dos hititas, etc. Pois, Iahweh projetou mostrar para as nações que ambicionavam controlar esse importante corredor comercial, o modelo de formação social que predestinou para a humanidade.
Então, Iahweh incumbiu Moisés da missão de conduzir os segmentos trabalhadores originários de Canaã, de volta para Canaã. Pois, as elites das cidades-estado fortemente hierarquizadas de Canaã pagavam tributos às elites egípcias (a casta de escribas e as elites políticas sob a direção dos faraós). Esses tributos eram pagos por meio de cereais e/ou também por meio de corvéias, isto é, por meio de trabalhadores. Os quais eram empregados como escravos, nas diversas construções faraônicas.
As elites cananeia pagavam tributos por meio de trabalhadores, sobretudo, aqueles que se revoltavam com as injustiças e o peso da exploração, que sofriam nas suas cidades. Tais elites pagavam, em alguns casos, tributos aos egípcios por meio de trabalhadores obtidos como o resultado da conquista de outra cidade cananeia. Enfim, Iahweh enviara por meio de Moisés, tais trabalhadores originários de Canaã e do seu entorno, de volta para essa mesma região.
Porém, no caminho de volta, isto é, durante os quarenta anos pelo deserto, Iahweh preparou, por meio de Moisés, essas tribos no sentido de desenvolver um projeto previamente arquitetado. Ou seja, um modelo revolucionário de formação social, e o inculcou a ferro e fogo na identidade cultural do grupo de ex-escravos. Modelo de formação social constituído de doze comunidades igualitárias, que eram articuladas entre si em rede descentralizada, mas dotadas de forte solidariedade entre si. Embora houvesse tribos de diferentes origens, o conjunto delas viria a ser rotulado de “As doze tribos de Israel”.
As doze tribos de Israel eram de natureza igualitária, e dotadas de normas e regras para a coletividade, que eram voltadas para a paradoxal preservação, de um lado, do característico igualitarismo sócio-político das doze tribos e, do outro, a coesão sociocultural. Situação esta que exigia, obviamente, ressalva Gottwald “uma coletividade de cidadãos esclarecida e publicamente ativa”.[2]
Vou citar o livro de Gottwald, que focaliza, entre outra coisas, alguns aspectos das normas e regras, que possibilitaram a preservação dos cerca de 250 anos de igualitarismo e descentralização das doze tribos de Israel. Pois, esse livro é muito importante, e é tendenciosamente omitido por estudiosos que abordam o tema das “doze tribos de Israel”: Gottwald, Norman K. As Tribos de Iahweh ‒ Uma Sociologia da Religião 1250-1050 a.C. [tradução Anacleto Alvarez], São Pulo: Ed. Paulinas, 1986. Antes, porém, quero lembrar que estamos no contexto Noé de grave crise socioeconômica e política, e também em adiantado processo de fragmentação tripartite, EUA e seu grupo, Rússia e seu grupo e China e seu grupo.
Quero lembra, ainda, que o Jesus histórico nos advertiu em relação a sua volta no contexto do auge da grave crise Noé. A qual é teve como causa básica, por um aspecto, o esgotamento e consequente “descanso das forças produtivas”. Este é o significado do termo “Noé”, conforme o exegeta esclarece: “Noé em hebraico Noah, significa descanso”.[3] Trata-se, aqui, da figura “personificação de coletivo”, que o autor empregou para descrever o estágio caótico, que sucedeu após o fim das sete escalas de expansão do Grande Mercado PRÉ-DILUVIANO. Fato este que resultou na quebra das cadeias de produção e de distribuição dos produtos, mais a quebra dos meios de controle social e físicos e ideológicos. Em consequência disso tudo, acontecera também o êxodo abrupto e caótico das populações das cidades para o campo, em desesperada e faminta procura de alimentação. Êxodo esse que os antigos rotularam alegoricamente de “dilúvio”.
Note que, o modelo de expansão do Grande Mercado PÓS-DILUVIANO vem seguindo o mesmo padrão do PRÉ-DILUVIANO, por conseguinte, o atual estágio “NOÉ” e demais sucessivos eventos (“dilúvio”, “emergência do Escolhido do Criador”, etc. também devem acontecer. Nesse sentido, o Anjo de Jesus advertiu:
“Assim como foi nos tempos de Noé assim acontecerá na vinda do Filho do homem. Nos dias que precederam o dilúvio , comiam, bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E os homens de nada sabiam, até o momento que veio o dilúvio e levou a todos. Assim será também no volta do Filho do homem” (Mt 24, 37-39).
De volta a Gottwald e as regras e normas que possibilitaram a preservação dos 250 anos de existência da doze tribos de Israel. As regras e normas que ajudara a preservar essas tribos, também podem ajudar na organização e preservação daqueles que terão que fugir abruptamente para o campo, e que sobreviverem, caso as previsões feitas pelo Jesus histórico se concretizem. Vamos ver algumas das tais regras e normas:
“No campo da organização econômica. A propriedade dos meios básicos de produção (terras, manadas e rebanhos) achava-se investidas nas famílias extensivas. Isto é, as unidades primárias residenciais e de produção. As quais estavam subagrupadas em associações protetoras, secundadas por tribos, e encarregadas de medidas executivas para impedir a estratificação social:
1. Proibição de venda da terra fora da família;
2. Proibição de juros sobre empréstimos;
3. Limitação na ‘servidão’ (escravo por dívida) dos devedores;
4. Redistribuição periódica das posses da terra;
5. Obrigação de socorro econômico mútuo a fim de impedir a penúria ou morte de famílias extensivas, etc.
No campo da estrutura política. A determinação da política pública corria a cargo das assembléias de ‘cidadãos’ (provavelmente machos em geral) e dos chefes de família, das associações protetoras e também das tribos em diversas combinações e jurisdições, garantindo a descentralização e a difusão do poder, com unidades locais e regionais que se reservavam o direito de veto ou a não participação em decisões públicas controvertidas, como também com determinadas funções de liderança ‘carismáticas’ acessíveis a mulheres assim como a homens.
Normas e regras. A sociedade guiava-se por um conjunto de regras usuais e quase legais, postas em vigor pela pressão social e por dignitários dos diversos níveis de organização social que serviam como juízes, e também por sacerdotes (levitas) e por carismáticos ou adivinhos ocasionais.
Organização militar. A sociedade colocava em campo de batalha um exército de cidadãos, as suas unidades fundamentadas em linhas de parentesco, o qual podia ser convocado para a defesa dos interesses de qualquer subgrupo em Israel ‒ um assunto a ser determinado de caso em caso através dos canais apropriados para a política pública aprobatória
O Pai Iahweh, Deus do amor, do direito e da justiça
Nas doze tribos igualitárias articuladas entre si em rede descentralizada, o Pai Iahweh era, estrategicamente, o líder maior, ou seja, uma entidade forte e poderosa, no entanto, sem uma localização física no terreno, nem uma liderança isolada, mas a própria coletividade, o próprio povo de Israel, ao menos enquanto esse povo tivesse fé em Iahweh. Essa estratégia prevenia como defesa ao método de combate baseado na “decapitação de lideranças”, muito utilizado atualmente.
O modelo de formação social das doze tribos igualitárias de Israel articuladas entre si em rede descentralizada estava representado como o trono do Criador. Ou seja, a “arca da aliança”, que ficava situada no interior do Tabernáculo, no recinto chamado Santo dos Santos. Pois, as doze tribos comunais estavam representadas nas doze arestas articuladas entre si na figura geométrico retangular da arca. Então, o “trono de Iahweh” consiste no referido modelo justo de formação social, que está representado na referida arca. Esse modelo de formação social revolucionária servia, estrategicamente, tanto como modo de se defender como de combater o modelo centralizado de formação social próprio das cidades-estado cananéias, o do próprio Egito e demais estados da região.
O golpe da centralização política contra as doze tribos igualitárias de Israel, articuladas entre si em rede descentralizada
Samuel e Davi traíram e combateram, por meio da centralização política, o modelo e respectiva realidade das doze tribos igualitárias de Israel, que estavam articuladas entre si em rede descentralizada.
O modelo de formação social das doze tribos de Israel em Canaã perdurou por cerca de 250 anos, ou seja, durante o período de 1250-1000 a.C., conforme Gottwald demonstrou, por meio de farta pesquisa e documentação expostas em seu livro intitulado “As Tribos de Iahweh – Uma Sociologia da Religião de Israel Liberto 1250-1050 . Todavia, esse modelo de formação social igualitário e descentralizado foi traído por ideólogos elitistas, a exemplo de Samuel, que mancomunados a outros indivíduos elitistas e dotados de liderança política, mais os latifundiários que se formaram ao longo do tempo de sedentarização em Canaã. Essa traição foi sacralizada pelo grupo de ideólogos elitistas liderados por Samuel, que se mancomunou e sacralizou, primeiramente, o rei Saul; depois, sacralizou o rei Davi. Os quais deram o golpe da centralização política, precisamente contra o referido modelo de formação social igualitário e descentralizado das doze tribos de Israel. Desse modo, esses traidores estabeleceram o modo político, jurídico e ideológico de centralização do poder.
Enfim, Iahweh projetou esse modelo de formação social para a humanidade. Cada vez que o Escolhido emerge na sócio-história, ele tem a missão de desenvolver a concretização desse modelo de formação social, para a humanidade ir aprendendo e ir se acostumando com ele. Todavia, a humanidade ainda resiste muito. Assim, O Escolhido cumpre a risca a sua missão, até o limite de cumprir, também, o holocausto perpétuo. Desde o primeiro Osíris, o segundo Osíris, Melquisedec e o Jesus histórico, todos esses cumpriram essa missa. Jesus voltará, e também vai cumprir essa missão, cujo movimento revolucionário deve durar mais tempo que o anterior, e se propagar mais no atual contexto da “globalização”.
Tudo isso é determinação do nosso Criador, não adianta fugir, mas a humanidade não aceita, então, está demorando muito nossa tribulação no presente “primeiro céu e primeira terra”, até podermos passar desse “primeiro céu e primeira terra” (Universo Paralelo), para o “segundo céu e segunda terra”. No qual o modelo de formação social de terminado pelo Criador, finalmente se estabelecerá. O Anjo de Jesus representou na figura da “nova Jerusalém”, o modelo de formação social constituído de comunidades igualitárias articuladas entre si em rede descentralizada. Isto acontecerá quando passarmos para o próximo e “segundo céu e segunda terra” de que o Mestre mostrou, e o discípulo que ele ama anotou:
“Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existe. Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo ouvi do trono uma grande voz que dizia: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos, e já não haverá morte, nem luto, nem grito de dor, porque passou a primeira condição” (Ap 21, 1-4).
Enfim, o Pai Iahweh incumbiu Moisés de conduzir os israelitas para Canaã, com o objetivo, por um aspecto, de mostrar a humanidade o modelo de formação social exemplificado pelas doze tribos igualitárias de Israel, que estavam articuladas entre si em rede descentralizada. Mas, por outro aspecto, também para preparar condições sociais e culturais, ao menos um pouco mais favoráveis tanto a emergência do Escolhido do Criador como ao desenvolvimento do modelo de formação social em tela. Pois, o Escolhido emergiria com a missão de também desenvolver. Missão que o Jesus histórico iria cumprir.
Ao menos, ele desencadeara o respectivo movimento
sociocultural correspondente, embora o bloco histórico judeu (os ideólogos
elitista fariseus e saduceus mancomunados com os “anciãos do povo”. Isto é, a
aristocracia laica judaica composta pelas lideranças políticas que também tinham
assento no Sinédrio, mais os latifundiários, cambista, empresários, etc. Enfim,
Todos esses são considerados com autores intelectuais do crime, que cometeram
contra o Jesus histórico. No entanto, o “príncipe
deste mundo” (cf. João 14, 30), Paulo de Tarso o Anticristo, já estava presente
no contexto geopolítico, em que o Jesus histórico cumprira o holocausto
perpétuo. Paulo era um fiel discípulo de Gamaliel, que recomendou o “meio
pacífico de combate” ao movimento revolucionário desencadeado pelo Senhor Filho
do Homem (cf. At 5, 34-38).
[1] Bíblia de Jerusalém, livro Êxodo, citação no rodapé da p. 102, referente ao capítulo 1, versículo 11.
[2] Gottwald, Norman K. As tribos de Iahweh − Uma Sociologia da Religião de Israel Liberto 1250-1050 a.C., p. 617.
[3] Bíblia Ave Maria, citação no rodapé da página 53, referente ao Capítulo 5, 29.