INÍCIO E TÉRMINO DA QUEDA DO MERCADO GLOBAL PRÉ-DILUVIANO: no Egito, na mesopotâmia e na civilização egéia

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Livro: Teoria da História (Art. 9, 1.2;1.2.1;1.2.2;1.2;3., P. 63-68) www.tribodossantos.com.br

   No livro “Teoria da História”, acreditamos ter mostrado de modo bem evidente, que os sete mercados macro-regionais em apreço estavam interligados por diversos pontos de confluência. E, que assim eles compuseram um único e grande mercado global, que envolvera todo o mundo civilizado, ou melhor, todos os mercados macro-regionais circunvizinhos daquela época.[1] Mostramos que todos eles apresentaram produção em larga escala e intensificado comércio exterior, em datas próximas entre si, ou seja, por volta de 2000 a.C. Essa incrementação geral da economia deveu-se, obviamente, ao fato desses sete mercados macro-regionais haverem convergido, simultaneamente em torno dessa data, para a constituição unívoca rede do estágio global de mercado. Isto significou o estabelecimento de uma rede produtiva (divisão internacional do trabalho, a nível global) e de circulação de mercadorias, que por si só potencializava essas atividades tanto em cada mercado regional que a integrava como o conjunto por ela articulado.

    Queremos ressaltar, agora, que todos ou quase todos os sete mercados regionais integrantes do grande mercado global, entraram em fase de depressão e foram desmantelados em datas aproximadas entre si, ou seja, em torno de 1788 a.C. Estes desmantelamentos foram provocados pela grave, longa e irreversível depressão que acometeu o grande mercado global, e atingiu de modo mais ou menos intenso a uns do que outros dos mercados regionais que integravam tal globalização. E, duraram mais tempo em uns do que em outros desses integrantes.

    Desse modo, delimitamos as datas aproximadas de início e de término, ou seja, os variáveis períodos que cada um dos sete mercados regionais integrou o grande mercado global. Por fim, delimitamos, também, o período de grave, prolongada e irreversível depressão por que passou cada um dos sete mercados regional, que anteriormente havia integrado o agonizante ou já finado grande mercado global. Aqui vamos chamar de “esfacelamento diluviano” ou “período diluviano(= II Período Intermediário) a esse grave período depressivo, acompanhado de profundas, prolongadas e generalizadas convulsões sociais.

1.2.1. O início, o fim e a fase diluviana no mercado regional egípcio.

    Em dado período, o mercado macro-regional egípcio apresentou grande incremento do comércio e da produção (em larga escala), notadamente aquela voltada para o mercado externo. Este fenômeno ocorreu a partir de aproximadamente 2100 a.C., com o aparecimento da XI Dinastia, e mais acentuadamente em torno de 2000 a.C., com a ascensão da XII Dinastia. Assim iniciou a fase da história egípcia, que chamamos de Médio Império. O qual é citado como o primeiro império democrático da história, que correspondera a uma era áurea de “justiça social” e de empreendimento intelectual.[2]

   Cerca de 1788 a.C., o mercado regional egípcio entrou em franca depressão acompanhada de grave e prolongada convulsão social interna. Pois, o grande mercado global em que ele se encontrava inserido, houvera chegado ao seu limite de expansão, porque as forças produtivas estavam esgotadas e incapazes de expandi-lo. Situações estas que puseram termo à XII Dinastia, favoreceram ao enfraquecimento do poder e à consequente invasão externa. Todo esse conjunto de situações se prolongou, mostrando-se irreversivelmente progressivo, e que correspondeu ao processo diluviano ou de esfacelamento do grande mercado global. E, que se estendeu até mais ou menos 1580 a.C., quando os bárbaros invasores conhecidos pelo nome de hicsos foram expulsos, e o herói dessa vitória, Amósis I, fundou a XVIII Dinastia. Assim, o período histórico egípcio chamado Novo Império teve início. O qual correspondeu a um grande e expansivo mercado regional, porém, por um lado, já desmembrado do finado grande mercado global, e por outro lado, inaugurando o período pós-diluviano.[3]

   O processo de depressão e de esfacelamento diluviano do mercado regional egípcio é chamado, pelo autor da Teoria da História inscrita no livro Gênese, fase Noé de depressão do grande mercado global Lamec. Fase essa que inclui a fragmentação tripartite (Sem, Cam e Jafet) e a convulsão social prolongada e generalizada nomeada “dilúvio”. A fase da realidade sócio-histórica que o referido autor chamada de Noé, consiste na mesma que os historiadores modernos  nomearam de Segundo Período Intermediário egípcio. Segundo período este que, coincidiu com o respectivo esfacelamento do grande mercado global. No Egito, esse processo perdurou mais de duzentos anos, isto é, de 1788 a 1580 a.C., e foi acompanhado de declínio cultural, além do econômico, pois os hicsos não demonstraram grande interesse pelas realizações econômicas nem pelas culturais egípcias.

1.2.2. Início, fim e o dilúvio no mercado regional mesopotâmico.

    O mercado macro-regional mesopotâmico apresentou, durante o período em que vigorou o grande mercado global, grande incremento da sua produção e do seu comércio, em duas fases sucessivas. Inicialmente, durante o século XXI, sob a hegemonia elamita. Depois, a partir de aproximadamente 2000 a.C., ocorreu “um desenvolvimento mais amplo do comércio que o existente na cultura anterior”, ou seja, agora sob a hegemonia do império regido pelos antigos babilônios.[4] Na fase final deste império, o mercado regional mesopotâmico entrou em franca depressão. Pois, o grande mercado global em que ele se encontrava inserido, houvera chegado ao limite de sua expansão, em razão das forças produtivas que eram dirigidas no sentido de impelir essa expansão terem se esgotado, agravando-se as contradições sociais geradas pelo mercado. Em aproximadamente 1750 a.C., a Civilização Mesopotâmica e respectivo mercado regional foram destroçados pelos cassitas, um povo bárbaro que não demonstrou nenhum interesse pelas realizações econômicas e culturais mesopotâmica.

    Com a queda do mercado regional gerido pelos antigos babilônio e a submissão aos cassitas, o período de esfacelamento diluviano de retrocesso econômico e cultural se prolongou por cerca de seiscentos anos, ou seja, teve início em 1750 e se estendeu até ao período inicial da expansão dos assírios, por volta de 1350 a 1050 a.C.[5]

1.2.3. Início, fim e o dilúvio no mercado regional egeu

    O mercado macro-regional egeu passou por um brusco desenvolvimento econômico acerca de 2000 a.C.: produção em larga escala, sobretudo voltada para o comércio exterior; construção de palácios, principalmente em Cnossos, Faístos e Mália, etc. Neste sentido, Aymard e Auboyer esclarecem:[6]    “Bruscamente, por volta de 2000, verificou-se o seu rápido desenvolvimento, a construção de palácios…” O referido mercado regional entrou, entretanto, em fase de depressão. Mais ou menos em 1700 a.C. teve início o esfacelamento diluviano, em decorrência do esgotamento das forças produtivas. Assim, o grande mercado global não pôde mais se expandir, mas tentara fazê-lo e desse modo extrapolara os limites das contradições sociais, provocando convulsões sociais graves, prolongadas, generalizadas e explosivas. O fenômeno do esfacelamento diluviano do mercado regional e a destruição dos palácios das cidades por ele provocada no mundo egeu foram entendidos por Aymard e Auboyer, nos seguintes termos:[7]Uma catástrofe geral, tremor de terra ou invasão inimiga, as destruiu por volta de 1700”. A apreciação traçada por Burns a respeito do esfacelamento diluviano não é muito diferente, mas chega mais próximo do quê realmente ocorreu:[8]

    “A primeira etapa foi completada sob a direção de Cnosso e Festo, mais ou menos em 1800 a.C. Cerca de uma centena de anos depois, ocorreu uma tremenda calamidade. O grande palácio de Cnosso foi demolido e, também as principais construções de várias outras cidades. Não pôde ser determinada exatamente a causa do desastre, mas há fundamentos para se julgar que a causa do desastre tenha sido um terremoto seguido de uma revolução (o grifo é nosso)”.

   O período de depressão por que passou o mercado regional egeu e a grave, generalizada e devastadora convulsão social que o acompanhou, parece ter durado pouco tempo, em relação ao semelhante fenômeno social ocorrido no Egito e na Mesopotâmia. Pois, segundo Burns:[9]

   “Depois de mais ou menos cinquenta anos de incerteza a civilização egéia alcançou novos píncaros em brilhantismo e força. Foram reconstruídas Tróia e as cidades de Creta e fundaram-se novos centros em Micenas e Tirinta. Logo depois, a hegemonia cretense se estendeu por sobre as partes restantes do mundo egeu”.

[1] Cf.: http://tribodossantos.blogspot.com.br/2013/02/o-mercado-regional-egipcio-medio.html

http://tribodossantos.blogspot.com.br/2013/02/os-mercados-regionais-mesopotamico-egeu.html

http://tribodossantos.blogspot.com.br/2013/02/o-mercado-regional-constituido-pela.html

[2] Cf. Burns, E. M. História da Civilização Ocidental, p. 48.

[3] Cf. Idem, p. 48.

[4] Idem, p. 85.

[5] Cf. Idem, p. 77.

[6] Aymard, A. e Auboyer, F. História Geral das Civilizações, Tomo I, 2º Volume, p. 14.

[7] Idem, p. 14.

[8] Burns, E. M. História da Civilização Ocidental, p. 135.

[9] Idem, p. 136. Cf. Aymard, A. e Auboyer, J. História Geral das Civilizações, Tono I, 2º Volume, p. 14.