Judas Iscariotes e Pedro traíram o Filho de Deus

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Livro Maldição do Templo do Sacerdote

Quando o Mestre estava saindo do templo-edifício, fora interpelado por determinados discípulos. Os quais estavam inebriados pelo aspecto pomposo desse templo e sobretudos pelas ofertas (valores), que os devotos depositavam nele. Certamente, tais discípulos intencionavam assumir, secretamente, a condição de sacerdotes da igreja, que o Mestre estava desencadeando (cf. Mt 16, 18). Esses discípulos chamaram, então, a atenção de Jesus, para elogiar as construções do edifício, a beleza das grandes pedras e as ofertas (valores) nele depositadas por devotos:

   “Ao sair do templo, os discípulos aproximaram-se de Jesus e fizeram-no apreciar as construções (o grifo é nosso)” (Mt 24, 1);

    “Como alguns diziam a respeito do Templo que era ornado com belas pedras e de ofertas votivas (o grifo é nosso)” (Lc 21, 5).

Diante de tamanhas blasfêmias, o Filho de Deus ficou indignado, e se dirigindo aos tais discípulos, referiu-se ao templo-edifício de Jerusalém, maldiçoando-o arrasadoramente:

“Jesus, porém, responder-lhes: Vedes todos estes edifícios? Em verdade vos declaro: Não ficará aqui pedra sobre pedra; tudo será destruído”. (Mt 24, 3)

 

Judas Iscariotes e Pedro foram, possivelmente, os discípulos que estavam, por motivos escusos, fascinados com o templo-edifício. Eles vislumbraram a possibilidade de assumir a condição de sacerdote profissional.[1]

Judas Iscariotes tinha bons motivos, para tentar induzir Jesus a construir templo-edifício, e criar uma religião hierarquizada, com sacerdotes profissionais, semelhante à dos saduceus e fariseus. Ele tinha bom trânsito e fazia troca de interesses com as elites sacerdotais, com as quais se mancomunou e acabou traindo Jesus (cf. Mt 10, 4; 26, 15). Judas era, também, ladrão, mas guardava os valores do grupo liderado pelo Mestre, aproveitando para furtar parte desses valores (Cf. Jo, 12, 6). Além disso, ele estava entre os discípulos que murmuraram entre si, discordando e não mais crendo na doutrina do Mestre (cf. Jo 6, 61, 65-71).

Pedro tinha, também, bons motivos para proceder de modo semelhante ao que Judas Iscariotes procedeu, conforme indicamos acima. Pedro carecia de recursos intelectuais, mas era vaidoso, gostava de aparecer e tinha o tino de liderança política. Assim, o pretenso representante dos demais Apóstolos quase sempre tomava a palavra, para aparecer e falar, indevidamente, em nome dos doze (cf. Mt 15, 5; 17, 23; 18, 21; Jo 6, 69).

Pedro não entendia o motivo, mas discordara do Mestre, em razão deste considerar imprescindível, que a revolução pacifista fosse levada até as últimas conseqüências. Ou seja, até ao sacrifício perpétuo ou glorificação a Deus, em prol da justiça social e libertação dos indivíduos submissos às trevas sacerdotais. (cf. Mt 16, 21-23).

Pedro resistiu, quando Jesus se dirigiu a ele para praticar a ação simbólica do lava pés. Com essa atitude, o referido Apóstolo manifestou que não concordava, também, com o tipo “servo” de “diretriz pastoral” (liderança intelectual). (cf. Jo 13, 6-11). Tipo servo este que o Mestre praticava e já vinha propondo às suas lideranças, ou seja, aos doze Apóstolos (cf. Mt 20, 24-28). Os quais estavam sendo preparados pelo líder, para substituí-lo após a sua glorificação, e dar prosseguimento ao movimento revolucionário. O pretenso representante dos demais Apóstolos queria projetar no líder Jesus, o tipo autoritário de liderança, a exemplo de como tal Apóstolo valorizava e via entre os sacerdotes saduceus e fariseus. O Mestre e a “mãe dos filhos de Zebedeu” (Tiago Maior e João) sabiam disso. Quando esta mulher suplicou a Jesus, que este ordenasse os dois filhos dela, como as lideranças imediatas do Mestre, este definiu o modelo de liderança intelectual, que queria para a revolução que estava desencadeando. Ou seja, o Mestre escolheu o modelo “sevo” de liderança, em diametral oposição ao modelo autoritário e elitista aspirado por Pedro. Modelo autoritário este que o falso apóstolo Paulo de Tarso o Anticristo institucionalizou na sua igreja contra-revolucionária, após a morte do Jesus Histórico. Igreja essa que Pedro aderiu, ao envelhecer, e renegou os demais verdadeiros Apóstolos (cf. 2Pd 3, 14-17). Vejamos o Mestre se dirigir aos Apóstolos, para combater o modelo autoritário de liderança intelectual pleiteado por Pedro:

Sabeis que os chefes das nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade. Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo. E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo. Assim como o Filho do Homem veio não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão (os grifos em negrito são nossos)”. (Mt 20, 25-b-28).

O Jesus Histórico percebia a natureza má do caráter de Pedro, conforme demonstram as atitudes deste, que descrevemos acima. Em razão disso, o Mestre previra que o referido Apóstolo o trairia (cf. Mt 26, 32-35; Jo 13, 36-38), o que ocorrera efetivamente (cf. Mt 26, 73-75). Após a crucificação, Jesus apareceu para alguns discípulos, e previra, de novo, que Pedro tornaria a traí-lo, quando o referido Apóstolo estivesse envelhecido, carente e próximo de morrer (cf. Jo 21, 18-19). De fato, Pedro envelhecera e passara para o lado do grupo liderado por Paulo de Tarso o Anticristo. Pedro caiu ao ponto de elogiar, hipocritamente, a pessoa do Anticristo. Pois, Pedro era carente de recursos intelectuais e estava, também, carente de recursos materiais. Ao contrário, Paulo de Tarso o Anticristo e seu grupo eram gananciosos, como os sacerdotes protestantes, evangélicos e católicos atuais, e subtraiam, freneticamente, valores das suas vitimadas ovelhas-robôs (cf. 1Cr 9, 1-7; 2Cr 11, 8-13; Tg 4, 11-16; Jd 11-12).

No sentido acima apontado, o Anticristo pode tanto sustentar o Pedro carente como se servir da “dificuldade dele entender as coisas” (cf. 2Pd 3, 16). Assim, Paulo o Anticristo designou, maquiavelicamente, o seu escritor chamado Silas ou Silvano, para redigir carta em que ele atribui a Pedro admitir as próprias dificuldades intelectuais. Nesta carta, Pedro elogia, textualmente, o Paulo de Tarso o Anticristo:

“Por meio de Silvano, que estimo como um irmão fiel, vos escrevi essas poucas palavras (…) Reconheci que a longa paciência de Nosso Senhor vos é salutar, como também vosso caríssimo irmão Paulo vos escreveu, segundo o dom de sabedoria que lhe foi dado. È o que ele faz em todas as suas cartas, nas quais fala nestes assuntos. Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para sua própria ruína, como o fazem também com as demais escrituras  (os grifos em negrito são nossos)”. (cf. 1Pd 5, 12-a; 2Pd 3, 15-16).

O Anticristo ainda forjara, através do seu discípulo e escritor Lucas, a projeção de Pedro, como se estes estivesse se destacando como líder dos Apóstolos da igreja de Jerusalém (cf. At 2, 14s; 3, 1s; 4, 1s). O Jesus Histórico tinha certeza, e seus fiéis Apóstolos desconfiavam, certamente, que Pedro tinha má intenção, e que seria infiel à doutrina e aos desígnios determinados pelo Filho de Deus. Em razão disto, Pedro não conseguira assumir a liderança da igreja igualitária de Jerusalém. Pois, Tiago Menor era irmão ou da parentela de Jesus (cf. Mt 13, 55; Gl, 1, 19). E, a tradição dos judeus atribuía, por hereditariedade, a ele a sucessão da liderança de Jesus. Ademais, o Próprio Jesus Histórico confiara a Tiago o Justo a liderança do movimento revolucionário, conforme Tomé atesta:[2]

“Os discípulos disseram a Jesus: Sabemos que nos deixarás; quem dentre nós será o maior? Respondeu-lhe Jesus: No lugar em que estiverdes, seguireis a Tiago, o Justo: ele é que está a par das coisas do céu e da terra”.

Por fim, Gl 2, 11 atesta, entre outras, duas coisas. Por um lado, Paulo o Anticristo e Pedro disputaram entre si a liderança sobre determinados setores de gentios e de judeus. Por outro lado, Tiago Menor o Justo exercia, de fato, autoridade tanto sobre o conjunto do movimento em seu início como sobre Pedro.

[1] Cf. Art. 6. Jesus amaldiçoa o templo-edifício e exalta o templo-indivíduo como casa de Deus. (Art. 6, 2.2., p. 37-39): http://tribodossantos.blogspot.com.br/2013/05/jesus-amaldicoa-o-templo-edificio-e.html

 

 

[2]. Evangelho de Tomé, p. 17, item 12.