Divisão social e oposição do trabalho material e intelectual: conclusão

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Livro: Teoria da História (Art. 23, 2.4., p. 158-161) www.tribodossantos.com.br

     Vimos que o elaborador da Teoria da História a subdividiu, no livro Gênese, em duas grandes partes, que chamamos de Sistematização Teórica e Verificação Empírica.  Ele escolheu a instituição da divisão social do trabalho como instituições estruturais dominante e “unidade de mudança”. Em outros termos, como fio condutor do processo genético sócio-histórico e respectivos desdobramentos transcorrido em tempo muito longo.[1] Ele desenvolveu e articulou diversas teorias de “médio alcance”, na parte chamada “Sistematização Teórica” (sistema total de teoria sócio-histórica). Uma dessas teorias concebe, no 3° dia da criação ST, a “terra” (cf. Gn 1, 9-b-10-a: início do trabalho material produtivo agrícola e consequente começo da vida sedentária e estreitamento dos laços sociais), como variável determinante para a “produção” (engendrar o delinear) de dois gerais gêneros de “plantas” (papéis sociais) (cf. Gn 1, 11-12): 1. “Ervas” (indivíduos de senso comum e respectivos campos subjetivos de conduta individual) que “deem” (motivam) “semente” (campo objetivo e meio reprodutor de cada espécie de indivíduo de senso comum: aquele que executa trabalho predatório, aquele que exerce trabalho produtivo agrícola, isto é, pai, mãe, etc.); 2. “Arvores frutíferas que deem sobre a terra, segundo sua espécie, frutos contendo sua semente”, cujos significados de cada termo e das relações entre estes já explicamos de modo bastante.[2]

    Na Verificação Empírica, o elaborador da Teoria da História mostra a relação entre os dois gêneros de “plantas” (papéis sociais) acima citadas: a “árvore” (intelectual e respectivo campo subjetivo de sua conduta individual) motiva e opera com o seu “fruto” (campo objetivo ou ações sociais e o modo de sua reprodução social), no sentido de induzir a “erva” (indivíduo de senso comum) assimilar esse “fruto”, a fim da “erva” transformar-se numa “árvore” (intelectual) semelhante àquela que “gerou o fruto”. O elaborador em tela apresenta, na Verificação Empírica, como exemplo (Cf. Gen 3, 1-13), o tipo “árvore da ciência do bem e do mal” (que é ao mesmo tempo representada na figura da “serpente”) seduzindo determinadas mulheres agricultoras.

    Por fim, vimos que a teoria de médio alcance acima citada constitui um complexo sistema teórico: 1. Concebe que os indivíduos desempenham papéis sociais; 2. Concebe o indivíduo como sujeito estruturado, nos termos da noção de conjunto complexo de conduta individual; 3. Isto implica uma teoria da ação social: o “fruto” (da árvore), e, a “semente” (da “erva”) representam, respectivamente, a ação social do intelectual, e, a ação social do indivíduo de senso comum. A ação social é subjetivamente motivada, tanto no caso da “árvore” (intelectual e respectivo campo subjetivo) como no caso da “erva” (senso comum e respectivo campo subjetivo); 4. Por fim, o campo objetivo (“fruto” ou a “semente da erva”) é concebido, também, como meio de reprodução social da conduta individual, conforme já explicamos.

    O elaborador da Teoria da História aplicou a teoria da “reprodução social da conduta individual”, para explicar e mostrar, sobretudo e precisamente, a gênese da divisão social do trabalho material e intelectual. Esta reprodução fora causada pela proliferação da reprodução social do conjunto complexo da conduta individual da “árvore” (intelectual e respectivo campo subjetivo) tipo “ciência do bem e do mal”, e respectivo “fruto” (campo objetivo e meio de reprodução da “árvore”). Proliferou a “planta” (papel social) do gênero “árvore”, do tipo ideólogos-serpente. O qual é dotado de “poderoso discurso sedutor” e respectivas “encenações falseadas”. Representados, respectivamente, no aspecto esteticamente agradável da parte exterior do fruto, e, na sua polpa adocicada. Pois, este gênero de “árvore” conseguiu fazer que tais fatores pertinentes a sua conduta objetiva, e mais sua forma material de existência e subsistência fossem “comidos” (assimilados) por determinados indivíduos de senso comum. Assim, o conjunto complexo de conduta próprio do papel social de ideólogo-serpente se reproduzira e se propagara, nas diversas coletividades.
O ideólogo-serpente operou, inicialmente, moldando seu modelo de conduta individual, sobre determinadas mulheres agricultoras, as quais eram, naturalmente, dotadas do gênero “erva” (senso comum) de “planta” (papel social). Essas determinadas mulheres estavam, certamente, mais propensas a serem cooptadas pelos ideólogos-feiticeiros.

    O indivíduo feminino de senso comum assimilou o modelo de “fruto” (conduta objetiva) próprio do ideólogo-serpente. Desse jeito, ele desenvolveu, em seu campo subjetivo de conduta, o modelo da conduta subjetiva peculiar ao referido ideólogo, isto é, predominantemente odioso e egoístico. Assim, o indivíduo feminino assimilou, por fim, o modelo de conjunto complexo de conduta peculiar ao ideólogo-serpente.

    As primeiras mulheres que assimilaram o modelo de conjunto complexo de conduta próprio do ideólogo constituíram-se nos primeiros grupos sociais estratificados. E, passaram a exercer, exclusivamente, o trabalho intelectual, num contexto em que a divisão social do trabalho material e intelectual estava sendo inaugurada. Desse modo, elas passaram a submeter ideologicamente e a explora economicamente, os demais segmentos sociais que permaneceram exercendo trabalho material (produtivo e predador). Assim, estes segmentos permaneceram exercendo trabalho material, agora no contexto da divisão social do trabalho material e intelectual. Teve início e se estabeleceu, então, o Período Matriarcal. A seguir, determinados homens assimilaram das sacerdotisas o “fruto” (modelo de campo subjetivo: discurso poderosamente sedutor e falseado e respectivas encenações, e concernente forma material de existência), e reproduziram em si o respectivo conjunto complexo de conduta. Eles submeteram ideológica e fisicamente as sacerdotisas, e sucederam-nas no exercício do domínio e exploração dos segmentos que permaneceram exercendo trabalho material. Deste jeito, teve início o Período Patriarcal, no qual determinados homens sacerdotes-serpentes passaram a exercer trabalho intelectual, no contexto da divisão social do trabalho material e intelectual.

[1]. Cf. http://tribodossantos.blogspot.com.br/2013/01/formacao-do-grande-mercado-global-e.html

[2] . Cf. http://tribodossantos.blogspot.com.br/2013/03/as-estruturas-das-plantas-papeis.html