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Deuteronômio: o livro das mentiras utilizadas pelos sacerdotes
Os sacerdotes e teólogos das religiões pseudo cristãs contemporâneas costumam evocar o livro Deuteronômio (livro da Lei), para justificar, entre outras aberrações, que esses picaretas subtraiam rendimentos (valores: dízimos, dádivas, etc.) das suas vitimadas ovelhas. Jeremias pertenceu à estirpe dos grandes profetas individuais, ou seja, ele é digno de crédito. Jeremias denunciou o fato de o referido livro ter sido forjado, maquiavelicamente, por “escribas” (os teólogos daquela época) mancomunados com Josias, rei de Judá (638-609 a.C.). Nesse sentido, Fohrer esclarece:[1]
“Evidentemente, nosso conhecimento acerca da religião dos antigos israelitas será sempre limitado. Não existem fontes extra-bíblicas, e as narrativas ou notas do Antigo Testamento foram submetidas a repetidas revisões e ampliações”
Este livro “Da mentira” (Deuteronômio) deve ser considerado, portanto, numa falcatrua e o maior golpe aplicado por sacerdotes e teólogos, desde os antigos sacerdotes e escribas hebreus, da época de Jeremias (e do seu contemporâneo, o rei Josias, até os sacerdotes e teólogos contemporâneos.
Os sacerdotes e teólogos hebreus antigos adulteraram com mentiras ou falseamentos, através de acréscimos posteriores, omissões, etc., diversos outros livros. Isto é notório para os exegetas que estudam o Antigo Testamento. Os antigos escribas hebreus procediam assim, desde antes, durante e mesmo depois da chamada “Reforma Deuteronômica” empreendida, também, por eles, e iniciada com a ajuda do rei Josias.[2] Pois, os antigos escribas fizeram a releitura de toda a história do povo israelita, durante longo tempo. Todos os livros adulterados estão compilados na Bíblia Sagrada, na parte pertinente ao Antigo Testamento.
Até mesmo o livro de Jeremias foi objeto de adulteração feita por teólogos hebreus, conforme Fohrer ainda esclarece:[3]
“Dispersos por todo o livro de Jeremias encontramos grande número de ditos de outros autores. Esses ditos não podem ser catalogados; apenas os oráculos contra as nações estrangeiras constituem uma seção unificada”.
Vejamos o profeta Jeremias denunciando o falseamento do sentido da Lei e/ou a falsificação do próprio documento:
“O meu povo, porém, não conhece a lei do Senhor. Como podeis dizer: ‘somos sábios, e temos conosco a lei do Senhor?’ Na verdade foi a mentira que fez desta lei o estilete enganador dos escribas. Os sábios consternados e confundidos ficarão cobertos de vergonha, por haverem repelido a palavra do Senhor; qual seria então a sabedoria deles? Eis porque darei a outros as suas mulheres e seus campos a novos donos, já que, do menor ao maior deles, todos se entregam os lucros desonestos. Desde o profeta até o sacerdote, praticam todos a mentira. Tratam sem cuidado da ferida da filha do meu povo, e dizem: ‘Vai tudo bem! Vai tudo bem! Quando vai tudo mal.” (Jr 8, 7-b-10).
O exegeta do referido trecho esclarece:[4]
“A mentira: Jeremias considera que os escribas falsearam o sentido da lei, ou os acusa de ter falsificado o próprio documento, pois, trata-se do livro da lei (o Deuteronômio) descoberto no tempo de Josias (Ver II Reis 22, 8ss; II Cr 34, 1ss; 35, 1ss)”.
Um breve aparte.Veja aqui embaixo, na descrição deste vídeo, o link do texto referente a presente palestra, em que consta a citação bibliográfica. E outro link que te possibilita receber, gratuitamente, a introdução do livro que estou lançando, cujo título é “Enigma do discípulo que Jesus amava – Parte 1: Grupo de referência de Jesus: publicanos, prostitutas e devassos – Resgate do sentido original da doutrina de Jesus“. Vamos voltar ao tema em tela.
Enfim, os sacerdotes e escribas mancomunados com o rei Josias, forjaram tanto o achado do livro Deuteronômio como o próprio livro. Os sacerdotes e os antigos teólogos (escribas) adulteraram ou inventaram, precisamente, determinados trechos, dando-lhes sentidos favoráveis aos seus interesses materiais escusos. Assim, eles valorizavam o templo-edifício, que Jeremias havia denunciado que na verdade consistia num covil de ladrões, ou seja, covil de teólogos, sacerdotes, comerciantes, etc.:
“Palavra que foi dirigida a Jeremias da parte de Iahweh… Não vos fieis em palavras mentirosas dizendo: ‘Este é o Templo de Iahweh, Templo de Iahweh, Templo de Iahweh!’… Eis que vós vos fiais em palavras mentirosas, que não podem ajudar. Não é assim? Roubar, matar, cometer adultério, jurar falso…depois vocês vêm e se apresentam diante de mim, neste templo, onde o meu nome e invocado, e dizeis: ‘Estamos salvos’, para continuar a cometer estas abominações! Este templo, onde o meu Nome é invocado, será porventura um covil de ladrões a vossos olhos? Mas eis que eu também vi [que esse templo é um covil de ladrões], Oráculo de Iahweh.” (Jr7, 1, 4, 8-9-a, 10-11).
Jesus fez questão de respaldar Jeremias, ao entrar no átrio do Templo de Jerusalém, e expulsar dali os banqueiros daquela época (agiotas e cambistas) e comerciantes desonestos e aproveitadores, e também proclamar que o templo consistia num “covil de ladrões”, porque ele funcionava, na verdade, como o banco central do estado judeu. Quem eram os ladrões? Ora, eram os teólogos, os sacerdotes, os banqueiros, os comerciantes, etc. Esta situação é análoga ao contexto atual. Jesus classificou, diretamente, como ladrões, os banqueiro daquela época, e também os comerciantes desonestos e aproveitadores; e indiretamente aos teólogos e sacerdotes que administravam o covil de ladrões. vejamos esse dito de Jesus:
“Está escrito: Minha casa é uma casa de oração (Is 56, 7), mas vocês fizeram dela um covil de ladrões” (Mt 21, 13).
Os teólogos e sacerdotes se apoiam no livro das mentiras, isto é, no livro Deuteronômio, também para justificar, falsamente, o fato de subtrair dinheiro e outros valores das vitimadas e enganadas ovelhas-robô (pagamento de dízimos, as ofertas, etc.)
Mesmo depois da denúncia feita pelo profeta Jeremias, os teólogos continuaram adulterando trechos dos livros. Os quais estão, hoje, compilados no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, nas versões católicas, evangélicas, protestantes, ortodoxas, etc.
Os sacerdotes e teólogos evangélicos, católicos protestantes, ortodoxos e outros contemporâneos utilizam essas adulterações, com os mesmos objetivos desonestos dos antigos sacerdotes e teólogos hebreus, e toda podridão sacerdotal e teológica da época de Jesus. Ou seja subtrair dízimos e outros valores das vitimadas ovelhas-robô.
O leitor da Bíblia Sagrada deve ter muito cuidado, portanto, quando ler o livros Deuteronômio e outros do Antigo Testamento. Ele deve ter maior cuidado, quando cair na asneira de pedir esclarecimento pertinente aos trechos desses livros, a algum sacerdote ou teólogo.
No caso da denúncia feita pelo grande profeta individual Jeremias, o leitor deve ter maior cuidado, quando cair na asneira de pedir esclarecimento pertinente aos trechos desses livros, a algum sacerdote ou teólogo. Pois, estes picaretas da fé procuram se esquivar da de explicar a denúncia feita por Jeremias e/ou tentar desqualificar o grande profeta individual chamado Jeremias.
Em quem devemos acreditar? No grande profeta individual da estirpe de Jeremias ou nos antigos teólogos hebreus, isto é, nos antigos escribas? O Jesus Histórico mostrou, reiteradamente, que ainda na época dele, essa categoria de ideólogos é, por natureza, constituída por indivíduos hipócritas e mentirosos por excelência (cf. Mt 23, 1s).
Os contemporâneos teólogos e sacerdotes evangélicos, católicos, protestantes, anglicanos, ortodoxos e outros desse gênero não são diferentes dos seus precursores antigos hebreus, nem são diferentes dos teólogos e sacerdotes fariseus e saduceus, da época de Jesus. Toda essa podridão opera de modo semelhante.
[1] Cf. Bíblia Sagrada. Tradução do Padre Figueiredo, A. P. Em adendo o “Dicionário prático de cultura católica e geral”. Josias, p. 151
[2] GEORG FOHRER. História da Religião de Israel, Edições Paulinas, São Paulo, 1982, p. 35.
[3] GEORG FOHRER. Idem, p. 321
[4] Cf. Bíblia Sagrada (Ave Maria), tradução dos Originais dos Monges de Maredson (Bélgica), 89 edição, Editora “Ave Maria” Ltda., São Paulo, Edição Claretiana, 1993, rodapé da p. nº 1046, item “Cap. 8 – 8”, referente a Jr, 8, 8.