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Livro O templo – Resgate do sentido original da doutrina de Jesus:http://tribodossantos.com.br/pdf/O%20Templo%20-%20introdu%C3%A7%C3%A3o.pdf
Mostramos a doutrina que Jesus resgatara dos grandes profetas individuais e aprimorara. Doutrina esta que concebe o indivíduo como o único e exclusivo “lugar”, em que o Espírito Santo do Deus Pai pode habitar, dependendo se o modo de procedimento do indivíduo for justo e fraterno.[1] Por um aspecto, a referida doutrina visava, também, combater a falácia dos teólogos e sacerdotes judeus, que consideravam o templo de Jerusalém com templo de Deus. Vimos que Jesus concebe o indivíduo, como totalidade, como unidade (“teu corpo todo”, “teu corpo inteiro”, “todo o teu corpo”). Ou seja, ele concebe o indivíduo como sujeito estruturado nos termos de um conjunto complexo de conduta. Ao qual recomenda proceder o “caminho”, détour ou método analítico, para se assenhorear do conhecimento verdadeiro acerca da realidade de si mesmo e do meio social em que vive. Isto é, exercitar a práxis revolucionária e radicalmente pacifista “reino de Deus”.
O caminho acima apontado pelo Mestre, consiste em o indivíduo estimular, de modo consciente e diligentemente, os sentimentos de ordem amorosa enquanto recalcar os de ordem odiosa, para que o fator afetivo seja o ponto de partida do “caminho do amor e da verdade”, ou a fonte de água viva. O qual permeará, assim, os demais fatores subjetivos: os valores, a cognição (inclusive a respectiva linha lógica de raciocínio), a vontade, a intencionalidade e a própria consciência. Consciência diligente inclusive do modo amoroso que o campo objetivo irá se manifestar. Pois, este estará, assim, motivado pelo campo subjetivo. Desse modo, o indivíduo sai do estado de “morto” e se liberta da submissão em que é mantido pelos ideólogos. E, desenvolve “vida”: autoconhecimento, capacidade de autodiligência e consciência social crítica e transformadora.
Em outros termos, percorrer ou proceder o “caminho”, détour ou método analítico acima apontado, pode ser pensado em proceder o respectivo modelo específico de autoterapia psicológica ensinada pelo Mestre. Através do qual o indivíduo passa a ser sujeito da própria cura, salvação ou libertação do estado de “morto” (alienado) em que se encontra. Estado este decorrente tanto da práxis utilitária como da sedução e submissão em que é mantido pelos ideólogos.
O Mestre concebe o indivíduo como templo de Deus, segundo a rica noção que lhe atribuiu, nos termos que acima indicamos. Paulo de Tarso o Anticristo subtraiu do indivíduo, toda a dimensão subjetiva ensinada pelo Filho de Deus. Ele falseou e reduziu essa rica noção de indivíduo, ao dualismo grego corpo versus espírito, e considerou o corpo orgânico como vazio de toda a rica dimensão pertinente ao campo ou “corpo” subjetivo. Segundo Paulo o Anticristo, o “corpo” no sentido platônico “é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus”. O Anticristo partiu da concepção platônica de “corpo” (aspecto orgânico depreciado de modo exaltado), e fez um voo sofístico direto para a dimensão metafísica (espiritual), na qual o indivíduo real existente aqui na terra, ainda não se encontra. Com esse voo picareta, Paulo o Anticristo atropelou toda a dimensão atinente ao campo ou “corpo” subjetivo da conduta individual: o “caminho”, “détour” ou método analítico, a possibilidade do indivíduo conhecer a realidade acerca de si mesmo e do contexto social, tanto em relação aos aspectos subjetivos como objetivos, a práxis revolucionária radicalmente pacifista, a “vida”, etc. Enfim, o Anticristo nega ao campo ou “corpo” subjetivo do indivíduo, lugar para o Espírito Santo de Deus habitar, e como ponto de partida para a relação de práxis revolucionária, com o campo ou corpo objetivo deste mesmo indivíduo.
No sentido acima apontado, vejamos alguns dos enunciados tipológicos ou dicotômicos malignos elaborados pelo Anticristo, em que este exalta a tipologia dualista corpo versus espírito, com dois objetivos. Por um lado, ele visa combater, através desta estratégia ideológica, a verdadeira doutrina do Mestre. Doutrina esta que concebe como “lugar” passível do Espírito de Deus habitar, o indivíduo pensado como dotado do campo subjetivo articulado ao campo objetivo. Por outro lado, ele visa submeter, ideologicamente, os “ideólogos ativos” que o seguiriam, e através destes, dominar os “ideólogos passivos”, e através destes últimos, dominar, por fim, as suas ovelhas-robôs (senso comum). Notem que tanto no primeiro como no terceiro exemplos abaixo indicados, Paulo o Anticristo emprega a palavra “carne” no lugar de “corpo”:
“Vós, porém, não viveis segundo a carne, mas segundo o espírito, se realmente o Espírito de Deus habita em vós. Se alguém não possui o Espírito de Cristo, este não é dele”. (Rm 8, 9);
“Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus, e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Porque fostes comprados por um grande preço. glorificai, pois, a Deus no vosso corpo”. (1Cr 6, 19-20);
“Como conciliar o templo de Deus e os ídolos? Porque somos o templo de Deus vivo (…) Caríssimos, purifiquemo-nos de toda imundície da carne e do espírito, realizando plenamente nossa santificação, no temor de Deus”. (2Cr 6, 16-a,; 7, 1-b).
[1] Cf. http://tribodossantos.blogspot.com.br/2013/04/o-templo-individuo-versus-templo.html (Art. Y, 2.2.; p. 50-54)