O Filho do Homem demonstra a existência do indivíduo na dimensão metafísica

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trecho do Livro “O Templo – Resgate do sentido original da doutrina de Jesus”: http://tribodossantos.com.br/pdf/O%20Templo%20-20introdu%C3%A7%C3%A3o.pdf

   Convém esclarecermos um importante modo, como o sacerdote dualista ou metafísico elabora o falseamento sofistico, e assim inculca-o na sua vítima simplória. Antes disto, torna-se oportuno explicitarmos, de pronto, que é incontestável o fato do Mestre haver admitido e mostrado a existência do indivíduo humano, na dimensão “meta subjetiva”. A qual pode ser pensada, por um aspecto, como “espiritual” ou “metafísica”. Neste sentido, ele convocou Moisés e Elias, e juntos se apresentaram diante de João, Tiago e Pedro, como testemunhas, para constatarmos tanto a existência do indivíduo humano nessa dimensão como uma das formas em que este pode se apresentar:

“Em verdade vos declara, muitos destes que aqui estão, não verão a morte, sem que tenham visto o Filho do Homem voltar na majestade do seu reino. Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os à parte a uma alta montanha. Lá se transfigurou na presença deles: seu rosto brilhou como o sol, suas vestes tornaram-se resplandecestes de brancura. E eis que apareceram Moisés e Elias conversando com ele. Pedro tomou então a palavra (…) Falava ele ainda, quando veio uma nuvem luminosa e os envolveu. E daquela nuvem fez-se ouvir uma voz que dizia: ‘Eis o meu filho muito amado em quem pus toda a minha afeição: ouvi-o’. Ouvindo esta voz, os discípulos caíram com a face por terra e tiveram medo. Mas Jesus aproximou-se deles e tocou-os, dizendo: ‘Levantai-vos e não temais.’ Eles levantaram os olhos e não viram mais ninguém, senão unicamente Jesus”. (Mt 16, 28; 17, 1-4-a, 5-8).

Após ser morto por instigação e exigência dos sacerdotes, o Filho do Homem se apresentou, em diversas ocasiões, em sua forma e dimensão “meta subjetiva ou metafísica e com todo seu poder paranormal, aos seus principais discípulos (cf. Mt 28, 2-10, 16-20; Jo 20, 12-17, 19-30; 21, 4-25).

O Mestre Abordou a questão da reencarnação, ao apontar João Batista como a reencarnação do profeta Elias:

“Em verdade vos digo, entre os filhos das mulheres, não surgiu outro maior que João Batista. No entanto, o menor no reino dos céus é maior que ele. Desde a época de João Batista até o presente, o reino dos céus é arrebatado à força e são os violentos que o conquistam. Porque os profetas e a Lei tiveram a palavra até João. E, se quereis compreender, é ele o Elias que devia voltar. Quem tem ouvidos, ouça” (os grifos em negrito são nossos). (Mt 11, 11-14).

Os sacerdotes saduceus negavam a “ressurreição”, isto é, a vida após a “morte” – sentido literal do termo – do corpo físico (cf. Mt 22, 23). Eles concebiam esta noção de “morte”, como sendo o nada, que chamavam de “xeol”. E, elaboraram uma hipótese estapafúrdia, visando questionar o Mestre, a respeito do estado do indivíduo humano, após a morte do corpo físico deste.   O Filho do Homem respondeu-lhes, categoricamente, que consiste em erro, supor o estado do indivíduo humano após a morte do seu corpo físico, como sendo a condição do “xeol” (nada). Ele esclareceu, ainda, duas coisas:

1. Na dimensão metafísica, não ocorre o modelo de atração biológica e instintiva entre o corpo físico masculino e o feminino, voltada para a reprodução da espécie. Isto não ocorre, obviamente, porque os indivíduos se encontram, na referida dimensão, desaparelhados do tipo orgânico de corpo. Pois, nessa dimensão, os indivíduos são “anjos” (entidades) engendrados pelo Deus Criador, no “céu”. A palavra “céu” empregada, aqui, extrapola as noções de campo subjetivo individual, intersubjetivo e o das interações significativas. Nesta perspectiva, ela se aplica, mais apropriadamente, à dimensão “metafísica” ou mais apropriadamente “meta subjetiva”;

2. Quanto ao indivíduo que “morreu” (perdeu o seu corpo físico), o Deus Criador permanece sendo Deus Criador (mantenedor) da existência, isto é, da vida desse indivíduo. Vida esta que se dá, agora, na dimensão “céu”, ou seja, meta subjetiva, a exemplo de três grandes patriarcas hebreus: Abraão, Isaac e Jacó. Na medida em que a tradição cultural dos israelitas considerava esses três patriarcas como “fatos históricos”, isto é, indivíduos reais, que existiram, efetivamente, na história da nação.[1] Vejamos a resposta do Mestre aos saduceus:

“Na ressurreição, os homens não terão mulheres, nem as mulheres maridos; mas serão como anjos de Deus no céu. Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus nos disse: Eu sou o deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó (Ex 3, 6)? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas Deus dos vivos”. (Mt 22, 30-33).

Em diversas outros trechos dos registros deixados pelos verdadeiros Apóstolos ou por seus fiéis redatores e discípulos do Mestre, atestam aspectos atinentes à vida “metafísica” (meta subjetiva). Por exemplo, mostram indivíduos obsediados por entidades “espirituais” (meta subjetivas). As quais o Filho do Homem expulsava dos respectivos aparelhos orgânicos dos indivíduos obsediados, etc. (cf. Mt 8, 16, 28-34; 9, 32-34; 12, 22-28, 43; 15, 21-28; Jo 8, 56).

   Concluímos como coisa inquestionável, Jesus haver admitido, nos termos acima indicados, a existência da vida na dimensão “metafísica” (meta subjetiva), malgrado os sacerdotes pseudo cristãos que discordem deste fato. Isto está definido, precisamos, então, tentar destrinchar o falseamento elaborado pela picaretagem sacerdotal-metafísica. A qual atropela, estrategicamente, o revolucionário caminho ou método analítico ensinado pelo Mestre. Ou seja, atropela as revolucionárias noções de dimensão subjetiva do indivíduo, e, de dimensão meta subjetiva. Ambas ensinadas e demonstrada pelo Jesus Histórico. A estratégia sacerdotal-metafísica faz um voo picareta (pirueta teológica), que se apoiada na ideologia dualista grega “corpo versus alma ou espírito. Assim, tal podridão sacerdotal efetua uma pirueta teológica, voando da ideologia do “corpo mal”, direto para a dimensão “metafísica” ou “espiritual (meta subjetiva). Abordaremos este tema mais adiante.

[1]. Cf. Fohrer, G. História da religião de Israel, p. 29, 38-39.

Postado há 8th October 2012 por Francisco Alves Machado