O quinto dia da criação VE/ST: divisão e oposição do trabalho campestre (Caim) e citadino (Henoc): a criação da cidade – Início da divisão social no interior da cidade

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Livro Teoria da História (Art. 25, 2.6.; 2.7. p. 171-188) www.tribodossantos.com.br

    O autor da Teoria da História registrada no livro Gênese, subdividiu essa teoria em duas grandes partes: Sistematização Teórica (Gn 1-2, 1-4-a) e Verificação Empírica Gn 2, 4-b-8, 18). Na parte da Teoria da História pertinente à Verificação Empírica, o elaborador da Teoria da História aplicou, na codificação referente à gênese da divisão e oposição entre o trabalho campestre e o trabalho citadino, a fórmula análoga àquela que houvera aplicado, para descrever a gênese da divisão e oposição entre o trabalho agrícola e o pastoril.[1] Ele empregou a noção de genealogia” como metáfora de sucessivas e encadeadas gêneses de fenômenos sócio-históricos. Nesta metáfora, “Caim” é concebido como os segmentos sociais que detinham a propriedade privada agrícola, e que submeteram os segmentos que exercem trabalho pastoril (Abel). Esse período “Caim” tem, portanto, como subjacente a divisão sexual do trabalho social, e, a divisão social do trabalho material e intelectual, ambas  já preestabelecidas.
O período “Caim” indicado acima, assim é concebido como sujeito histórico, e “sua mulher” consiste nas forças de trabalho que ele submete e explora. Eles formam um “casal”. Este “casal” incrementa o aumento populacional. Neste sentido, vejamos (Gn 4, 17-a):

    “Caim conheceu sua mulher”.

    Sob a direção dos segmentos sociais acima indicados (Caim), a “mulher” (as forças de trabalho: base estrutural) gerou as condições objetivas necessárias e “construiu” um “filho” (novo modelo de fenômeno sócio-histórico). “Filho” este “nomeado” Henoc (o primeiro Henoc, Cf. Gn 4, 17; não o segundo Henoc, filho de Jared, conforme Gn 5, 14). “Filho” ou fenômeno social esse caracterizado por se tratar de um complexo demográfico formado, sócio e economicamente, por uma importante concentração populacional não agrícola. No qual, o centro diretor de toda uma comunidade se estabelece. Centro este constituído pelos setores (grupos sociais) empenhados, respectivamente, na direção das atividades política, mercantil, industrial, financeira e cultural. Vejamos o trecho concernente (Gn 4, 17-b):

    “Ela concebeu e deu à luz Henoc”.

    Assim, “Caim” (propriedade privada agrícola) construiu os primeiros fenômenos sociais, que se conhece por “cidade-estado”.  A qual pôs o nome do seu filho “Henoc”, isto é, um complexo demográfico… Vejamos, na sequência, o respectivo trecho (Gn 4,17-c):

    “Caim (…) tornou-se construtor de cidade e deu à cidade o nome de seu filho Henoc”.

   No Antigo Egito, o processo sócio-histórico relativo ao desenvolvimento da divisão e oposição social entre o campo (Caim) e a cidade (Henoc), certamente ocorrera cerca de 4500-4000 a.C. Esse desenvolvimento e respectivo período corresponderam às fases do Pré-dinástico, que se convencionou chamar de Pré-dinástico primitivo e Pré-dinástico antigo.[2]

   A parte da Teoria da História que chamamos de Sistematização Teórica, inclui o respectivo “5° dia da criação ST” (cf. Gn 1, 20-23) ., em que o autor focaliza a gênese do fenômeno sócio-histórico em tela, pela perspectiva sistemática ou seja, as estruturas sociais permanentes e eventuais geradas nesse 5° dia. Essa parte da Teoria da História corresponde ao “5° dia da criação VE” (cf. Gn 4, 17-18), que é focalizado pela perspectiva da Verificação Empírica, conforme descrita acima (Caim conheceu sua mulher…).

   No 5° dia da criação ST (Gn 1, 20-23)” focalizado pela Sistematização Teórica, o autor representou as diversas formas de interações e fenômenos sociais, na figura das “águas” [“águas representa “povos, nações, multidões e respectivas trocas materiais e “simbólicas” (línguas), conforme o Mestre ensinou (cf. Ap 17, 15)]. Nestas “águas” e no contexto da divisão social e oposição do trabalho entre o campo (Caim) e a cidade (Henoc), e também no interior de cada cidade e entre estas, o autor mostra diversos modelos de instituições sociais (estruturas sociais permanentes e eventuais) que se desenvolvem. Por exemplo: modalidades de trocas materiais (escambo, comércio, etc.) simbolizados na “multidão de seres vivos“, “monstros marinhos“, etc.; instituições sociais que se desenvolvem “sobre”, ou melhor, no interstício entre a “terra” (Trabalho material notadamente explorado, escravizado, etc.) e os “céus” (estratos sociais que exercem trabalhos intelectuais, e que subordinam e explora os segmentos trabalhadores): militares, grupos de assaltantes, de revolucionário, o Estado, etc., que são representadas no signo “aves“; mercados regionais simbolizados na figura dos “monstros marinhos“, etc.:

“Deus disse: ‘pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra, debaixo do firmamento dos céus‘. Deus criou os monstros marinhos e toda a multidão de seres vivos que enchem as águas, segundo a sua espécie, e todas as aves segundo a sua espécie. E Deus viu que isto era bom. E Deus os abençoou: ‘frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, e enchei as águas do mar, e que as aves se multipliquem sobre a terra‘. Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o quinto dia (os grifos em negrito são nossos)”. (Gn 1, 20-23).      

Início da divisão social do trabalho na cidade: Irad, Maviael, Matusael e Lamec

    Na parte da Teoria da História que chamamos de Verificação Empírica, no “5° dia da criação VE” (cf. Gn 4, 17-18), o autor descreve o processo sócio-histórico da divisão social do trabalho, que se desenvolveu no interior da cidade. Temos que ter em mente, que o autor da Teoria da História esta descrevendo esse processo, tendo como objeto da pesquisa, uma determinada região habitada por nações com culturas semelhantes ou próximas, entre as quais houvesse trocas materiais e respectivas trocas culturais. A amostra não é citada textualmente, mas tal amostra consistiu, sem dúvida, do período Pré-dinástico do Antigo Egito.

   A teoria abstraída do estudo concernente ao Pré-dinástico egípcio, é concebida, entretanto, como modelo teórico. O qual pode ser aplicado, para interpretar, com maior ou menor aferição, qualquer outra região com características semelhantes àquelas acima apontadas. E, que os povos que nela habitaram, tenham passado pela mais completa evolução sócio-histórica autônoma, a exemplo dos egípcios, os assírios, os medos-persas, os gregos, os romanos, etc. Cada macro-região tende a passar pelo processo de complexidade da divisão do trabalho, durante o qual se formam, evoluem e amadurecem suas cidades, até se constituir em um único e grande mercado macro-regional bipolarizado.

   Convém fazermos um aparte e nos adiantarmos em relação ao curso sócio-histórico, pertinente ao “5° dia da criação VE” focalizado pela Verificação Empírica, que aborda a fase inicial (Irad, Maviael, Matusael e Lamec) da divisão social do trabalho no interior da cidade “Henoc”. Pois, com esse aparte e adiantamento podemos exemplificar aspectos da realidade sócio-histórica já conhecidos e pertinentes ao “6 °dia da criação VR” (cf. Gn 4, 19-24). O qual aborda o Pré-dinástico recente, como um mercado macro-regional bipolarizado, e representado, simbolicamente na figura “Lamec-Ada versus Lamec-Sela, Jabel”, etc.). Este aparte pode nos ajudar a entender melhor a fase precedente (“5° dia da criação VE”). Assim, convém  observar, de pronto, que a realidade sócio histórica relativa ao mercado regional bipolarizado, que serviu de objeto de pesquisa, tratou-se do Antigo Egito Pré-dinástico recente, também denominado Época pré-tinita. O autor representou, simbolicamente, na forma “Lamec tomou duas mulheres, uma chamada Ada e a outra Sela“. Sela representa o Sul (Vale ou Alto Egito), o qual se encontrava, segundo alguns estudiosos (Cf. Lévêque, P. As Primeiras Civilizações, Volume I – Os Impérios do Bronze, p. 103), sob a hegemonia dos reis de Hieracômpolis, em egípcio Nekhen, conhecido pelos textos como lugar de origem das Almas de Nekhen, que são os reis do sul sendo divinizados. Ada representa o Norte (Delta ou Baixo Egito), o qual se encontrava sob a hegemonia dos reis de Buto, os quais são chamados Almas de Pê (= Buto).

   De um lado (Ada = Delta ou Norte), uma determinada cidade-estado (Buto) lidera o agrupamento de diversas outras, todas sob a hegemonia das corporações mercantis (Jabel), as quais têm relação de divisão social do trabalho, com as guildas culturais ou artísticas sofisticadas (Jubal). Neste grupo de cidade-estados, o regime político absolutista de natureza ditatorial é predominante, e tende para uma forma democratizante. Esta forma ditatorial de absolutismo é representada no símbolo “Matusael”, ou melhor, ela corresponde a uma das duas formas absolutistas de regime de governo representado neste símbolo. Regime este que representa os interesses das cidades-estados, em oposição aos interesses do campo.

   Do outro lado (Sela = Vale ou Sul), outra determinada cidade-estado (Hieracômpolis) lidera o grupo formado por diversas outras, todas sob a hegemonia das corporações de mineradores e de manufatureiros (Tubal-Caim), as quais dirigem e exploram seus respectivos trabalhadores (Noema). Neste grupo de cidades, o “regime político exercido pela oligarquia agrária absolutista” (a outra forma absolutista de regime de governo representada no símbolo “Matusael”) é predominante. Regime este que representa os interesses do campo, em oposição aos interesses da cidade.

  O processo de complexidade da divisão do trabalho dessa macro-região bipolarizada estará, então, completado, e ela estará apta para ascender à escala imperial de complexidade da divisão do trabalho e respectiva expansão do grande mercado. Algumas regiões completam esse processo, outras não. Entre as que completam todo o processo da divisão do trabalho entre as cidades, somente algumas conseguem ascender à escala imperial de expansão do grande mercado, e submeter outras macro-regiões. Ou seja, conseguem servir como base do “instrumento central” (direção política, econômica e ideológica) de expansão do grande mercado.

    É importante notar que o autor da Teoria da História focaliza a evolução e complexidade da divisão do trabalho, no interior das cidades de uma determinada macro-região. A qual é concebida como “a primeira a ascender à escala imperial” (Set) de expansão do grande mercado. Essa macro-região e respectivo centro imperial de direção (política, econômica e ideológica) são incumbidos da função de manter a fluência das trocas comerciais sob sua jurisdição, e de romper barreiras comerciais e expandir o grande mercado.  Com o passar do tempo, essa macro-região e respectivo centro imperial esgotam o vigor e chegam ao limite da possibilidade de cumprir tal incumbência. O grande mercado convoca, então, outra macro-região, onde o grande mercado regional esteja plenamente desenvolvido bipolarizadamente, e suas elites aptas, vigorosas e capazes. E, incumbe-a de substituir àquela (Set) em decadência, na função acima citada. Assim, o grande mercado prossegue o seu processo de eliminação de barreiras comerciais, visando sua expansão e complexidade. Desse modo, o grande mercado atua como sujeito autônomo, avançando (expandindo-se) de uma escala imperial para a subsequente e mais expansiva que a anterior.

    A segunda e subsequente escala imperial é representada no signo “Enos”. Ela expandirá o grande mercado, que abrangerá uma área maior do que a anterior, e englobará esta. Seis escalas imperiais (Set, Enos, Cainan, Malaleel, Jared e Henoc, isto é, o segundo Henoc (Cf. Gn 5, 18) se sucederão. A sexta e maior escala entrará, também, em declínio, e advirá um relativo retrocesso, com o advento da “sétima etapa de expansão do grande mercado”, a qual é nomeada Matusalém. Esta sétima etapa se apresenta como queda acentuada do comércio, da indústria e do nível cultural, ao ponto da civilização retroceder ao nível do campo. E, o poder deixa de ser único e central, e passa a ser fragmentado. Enfim, a sétima etapa apresenta as características peculiares ao modelo feudal de formação social ocorrido tanto no Antigo Egito (Idade Feudal = Primeiro período intermediário) como na Europa Ocidental. Mas, na realidade, essa sétima etapa consiste no meio que o grande mercado utiliza para proceder a transposição, do modo como vinha se expandindo, isto é, em sucessivas escalas imperiais, para ascender à escala global. Escala global esta que o autor da Teoria da História denomina “Lamec”, ou seja, o terceiro Lamec (Cf. Gn 5, 25).

    Todo o processo de expansão do Grande Mercado tem início com o primeiro “Lamec”, isto é, àquele dos fins do “5° dia da criação” (cf. Gn 4, 18) e passagem para o “6° dia”. O segundo Lamec, ou seja, o Lamec do “6° dia da criação” (Gn 4, 19-24) consistiu, segundo o “livro da história da família de Adão (cf. Gn 5, 1)”, no ponto de partida “Adão”, enquanto grande mercado regional ainda bipolarizado, que a seguir ascendeu à primeira (Set) escala imperial. Esse processo alcança seu limite com o terceiro Lamec (cf. Gn 5, 25), ou seja, com o estágio global de expansão do grande mercado. Este terceiro Lamec (estágio global) esgota, finalmente, sua capacidade de expansão, pois o Trabalho Natura-Social (o Criador) é quem propiciava, subjacentemente, tal expansão. O Criador entra, entretanto, em “descanso” ou “repouso”, eis o significado do termo “Noé, conforme o exegeta da Bíblia  “Ave Maria esclarece”:[3]

    “Noé: em hebraico noah, significa descanso”.

    Assim, o grande mercado global (o segundo Lamec) entra na fase “Noé” de recessão seguida de franca depressão, e fragmenta-se, finalmente, em três grandes macro-regiões denominadas Sem, Cam e Jafet. A Teoria da História é concebida como um processo cíclico, assim todo o processo de expansão do grande mercado reinicia a partir de uma nova configuração espacial, que se apresenta como um grande mercado macro-regional (outro Set), e assim por diante. Uma das técnicas de memorização empregadas pelos antigos, que conheciam o sentido esotérico dos textos da Teoria da História, consistia em simbolizar numericamente, determinados trechos. Assim, eles representavam no número “666”: “6” (o primeiro Lamec enquanto fim do “5° dia da criação e passagem para o “6° dia) –  “6” (o segundo e bígamo Lamec enquanto o início do “6° dia da criação” e “ponto de partida Adão” – “6” (o terceiro Lamec enquanto mercado global, limite do processo de expansão e fim do “6° dia da criação). Limite e fim estes que caminham e adentram no “ dia da criação. Por este aspecto, “666” é, por um lado, o número de um homem chamado Lamec, e por outro, o número da grande Besta Mercado global (cf Ap 13, 17-18). Outro caso semelhante análogo, consiste na expressão “24 anciões” ( Cf. Ap  4, 4s).

    Retornemos, agora, a mostrar como a Teoria da História focaliza, no “5° dia da criação VE” (cf. Gn 17-18) inserido na Verificação Empírica, a evolução da divisão social do trabalho na cidade. Mas, é oportuno termos em mente, que o autor dessa teoria concebe que essa evolução estivesse ocorrendo, simultaneamente, nas diversas cidades de uma mesma macro-região, e que algumas cidades se adiantam mais que outras.[4] A evolução da divisão social do trabalho na cidade é mostrada pela Teoria da História, nos seguintes termos: (Gn 4, 18):

    “Henoc gerou Irad, Irad gerou Maviael; Maviael gerou Matusael, Matusael gerou Lamec”.

    Nos termos acima, a teoria da História nos diz que o processo de complexação da divisão social do trabalho passou, no início da formação da cidade, por quatro estágios. Os três primeiros são notadamente marcados pela proeminência político-familiar: 1º. Irad: símbolo este que significa monarquia; 2º. Maviael: significa oligarquia agrária; 3º. Matusael: significa absolutismo ditatorial ou oligárquico-agrário. O quarto estágio é marcado, notadamente, pela proeminência econômica, especialmente de natureza mercantil: Lamec. Símbolo este que significa o grande mercado macro- regional ainda não bipolarizado.

    A preponderância político-familiar concernente ao regime de governo ocorre na cidade recém formada, durante os sucessivos e encadeados estágios: 1º. Irad (monarquia); 2º. Maviael (monarquia); 3º. Matusael (absolutismo ditatorial ou oligárquico-agrário). A passagem do estágio Matusael para o estágio Lamec (grande mercado macro-regional) corresponde á passagem da proeminência político-familiar de regime de governo, para a proeminência econômico-mercantil de regime de governo. Posto que, a proeminência econômica peculiar ao estágio Lamec tem como base o pleno desenvolvimento da divisão do trabalho em cada cidade dessa mesma macro-região. O regime de governo político-familiar consiste num molde rígido de direção da sociedade, ao passo que o regime econômico-mercantil é mais flexível. Assim, este é mais eficaz que àquele, no sentido da direção da sociedade voltada para a expansão do mercado. A passagem da proeminência do estágio político-familiar para a preponderância do estágio econômico-mercantil ocorre porque, diz Durkheim:[5]

    “Não há qualquer divisão de trabalho, por mais rudimentar que seja, que se possa adaptar a esses moldes rígidos, definidos, e que não são feitos para ela. Ela só pode crescer ao se libertar desse quadro que a encerra”.

    A preponderância político-familiar de forma de governo ocorre na fase inicial (Irad = monarquia > Maviael = oligarquia agrária > Maviael = absolutismo ditatorial ou oligárquico agrário), de formação da cidade. Essa forma de preponderância consiste em reminiscências do período anterior à formação da cidade, e tem como base o clã e a consanguinidade. Neste sentido, diz Durkheim:[6]

    “Damos nome de clã à ordem que deixou de ser independente para se tornar um grupo mais extenso, assim como chamo de sociedades segmentares à base de clã os povos constituídos por uma associação de clãs. Dizemos que essas sociedades são segmentares para indicar que são formadas pela repetição de agregados semelhantes entre si, análogos aos anéis de uma cadeia e que esse agregado elementar é um clã porque esta palavra exprime bem a natureza mista, ao mesmo tempo familiar e política. É uma família na sentido de que todos os membros que a compõem se consideram parentes uns dos outros, o que faz com que sejam, na maioria, consanguíneos. As afinidades que a comunidade de sangue engendra são principalmente aquelas que os mantêm unidos (…) Podemos assim qualificar essa organização de político-familiar. Não apenas o clã tem por base a consanguinidade, mas os diferentes clãs de um mesmo povo se consideram muito frequentemente como parentes uns dos outros”.

    Durante o curso inicial (Irad seguido, sucessivamente, de Maviael, Matusael e Lamec) de formação da cidade ocorre a passagem da preponderância político-familiar para a preponderância da instituição do mercado. Essa passagem ocorre de modo lento e gradual, conforme Durkheim esclarece:[7]

    “A passagem de um estado para outro se faz através de uma lenta evolução. Quando a lembrança de origem comum desaparece, quando as relações domésticas derivadas, que lhe sobrevivem muitas vezes, como já vimos, desaparecem também, o clã não tem mais consciência de si mesmo como grupo de indivíduos que ocupam uma mesma porção do território. Forma-se uma aldeia propriamente dita. Assim é que todos os povos que ultrapassam a fase do clã constituem distritos territoriais (postos, comunas, etc.), que, tal como o gens romana vinha encaixar-se na cúria, enquadrando-se em outros distritos da mesma natureza porém mais vastos, chamados ora centena, ora círculo ou circunscrição (…) Mas o princípio da estrutura é o mesmo, e por isso a sociedade mecânica persiste até nas sociedades mais avançadas (o grifo é nosso)”.

    Quando o período inicial de formação da cidade (Henoc) chega à fase que o autor da Teoria da História denominou de Lamec (o primeiro Lamec (Gn 4, 18): o grande mercado macro-regional), então, a preponderância político-familiar deixa de ser preponderante. Isto ocorre à medida que a divisão do trabalho desenvolvera-se suficientemente, para que a instituição do mercado assumisse a preponderância na direção da cidade. Neste sentido, Durkheim esclarece:[8]

    “Só que, do mesmo modo que ela não é mais preponderante, a disposição por segmento não é mais, como anteriormente, a ossatura única, nem mesmo o essencial da sociedade. Em primeiro lugar, as divisões territoriais têm necessariamente alguma coisa de artificial. Os laços que resultam da coabitação não têm no espírito do homem uma base tão profunda como os que provêm da consanguinidade. Eles têm também uma força de resistência menor. Quando se nasceu num clã, só se pode mudar, por assim dizer, de pais. As mesmas razões não se opõem a que se mude de cidade ou de província (…) Os segmentos são pois mais abertos uns aos outros. E, com efeito, desde a Idade Média,  depois da formação das cidades, os artesões estrangeiros circulavam tão facilmente e tão distantes com as suas mercadorias. A organização segmentar perdeu sua relevância”.

    No trecho anteriormente citado (Gn 4, 18: “Henoc gerou Irad, Irad gerou Maviael; Maviael gerou Matusael, Matusael gerou Lamec”), a Teoria da História concebe, em primeiro lugar, que “Henoc” (o início da formação da cidade) é conceituado como uma instituição social, econômica e cultural, mas preponderantemente político-familiar. Nestas condições, “Henoc” atua como sujeito sócio-histórico, que gerou como seu primeiro “filho”, isto é, um novo fenômeno sócio-histórico de caráter econômico e cultural, mas preponderantemente político-familiar. O qual atuará como o primeiro sucessor de “Henoc”, enquanto eventual sujeito sócio-histórico. Esse primeiro sucessor de “Henoc” consiste no regime de governo do tipo monárquico. Este é, resumidamente, o significado do símbolo “Irad”.

    Com o símbolo “Irad”, a Teoria da História quer dizer, de modo mais detalhado, que entre os membros do estrato social constituído de proprietários nas áreas agrícola, pecuária e imobiliária, e de ideólogos, sobressaíra um nobre dotado de grande capacidade de liderança política, religiosa e de dotes guerreiros. Este nobre é aclamado “rei” (líder político da cidade), sendo assessorado, certamente, por uma assembleia de guerreiros, por um conselho de nobres e por ideólogos (sacerdotes, adivinhos, filósofos, magos ou coisas do gênero). A forma de organização política monárquica (Irad) desenvolve-se propiciada pelas frequentes guerras de conquista estabelecidas entre clãs, desde o início da formação da cidade-estado.[9] Mas, nenhum desses poderes tinha, ainda, organização claramente definida ou caráter jurídico de um órgão de governo. Já havia algumas especializações de trabalho. A exemplo da carpintaria de carros, a cutelaria, a ourivesaria, a olaria e especializações pertinentes a muitos outros utensílios que precisavam. A troca era, ainda, o meio de comércio, mas tornava-se, gradativamente, mais complexa. O mesmo ocorria com a manufatura, a burocracia e a instituição religiosa.

    O estrato social que exerce, ao lado do soberano, o regime monárquico de poder político, consegue, assim, beneficiar-se, concentrando e acumulando mais riqueza agrária. Desse modo, esse estrato social aumenta, ainda mais, seu poder político, sobremodo os membros possuidores de grandes terras. Os quais ocupam, também, posições de destaque no conselho de nobres e na assembleia de guerreiros. Assim, a própria monarquia (Irad) cria as condições necessárias e gera, por dentro de si mesma, o fenômeno sócio-econômico e notadamente político chamado oligarquia. Este é o significado do símbolo “Maviael”. Pois, os membros do estrato social que mais se beneficiaram com o regime monárquico, são os mesmos que resolvem arrebatar a autoridade política do rei e dá-la a um conselho que em geral manobram. Eis o sentido da metáfora genealógica elaborada pelo autor da Teoria da História, em que “Irad” (monarquia) gera o “filho” “Maviael” (oligarquia agrária).

    A oligarquia agrária (Maviael) tende a propiciar a incrementação de diversos fatores, no interior de cada cidade-estado, e na relação entre as diversas cidades de uma mesma macro-região. Essa incrementação ocorre durante o período de transição da monarquia para a oligarquia, e, sobretudo no período em que esta se mantém no poder. Significativo aumento populacional ocorre no interior de cada nação, a qual forma uma comunidade centralizada por uma cidade-estado. Guildas profissionais formam-se em diferentes especialidades, tanto de trabalhadores produtivos como de mercadores. Em alguns ramos da indústria se desenvolvem formas de divisão de trabalho. O corpo burocrático do Estado é ampliado. Instituições ideológicas hierarquizadas (religiões, escolas filosóficas, etc.) alicerçam-se. Enfim, formam-se classes médias e entre estas emerge a burguesia revolucionária.

    Entre as diversas cidades-estados dessa mesma macro-região, o comércio é incrementado. O grande mercado macro-regional vai, assim, aproximando-se ao seu apogeu e assumindo o aspecto caracteristicamente bipolarizado. Algumas cidades dessa macro-região já estabelecem comércio com cidades de outras macro-regiões.

    A terra começa a escassear, e tem início a expansão das fronteiras (frentes de expansão). Colônias são criadas e novas cidades surgem. Algumas cidades vão se dedicando mais tanto ao comércio como à indústria voltados para o exterior, estas cidades representam mais os interesses da burguesia comercial e industrial; outras cidades representam mais os interesses dos latifundiários. As cidade-estados cujo comércio é a atividade principal tendem a alinharem-se entre si, e o mesmo ocorre com as que se dedicam mais a preservar os interesses dos latifundiários.

    No interior de cada comunidade sob a direção de uma cidade-estado acentuam-se os conflitos entre lavradores explorados e a decadente oligarquia dos latifundiários. Esta oligarquia apresenta-se decadente, sobremodo nas cidades onde as classes médias já aspiram ao poder. Em outras cidades, a exemplo de Esparta, na Grécia Antiga, a oligarquia agrária mantém-se firme no poder e submete os industriais e os mercadores (perigos) e os funcionários públicos. Desse modo, Ela submete e neutraliza, enfim, as classes médias, que assim não se tornam expressivas.[10]

    Em cada nação centralizada por uma cidade-estado, a divisão social do trabalho começa a engendrar, durante o estágio “Maviael”, a separação entre, de um lado, o trabalho industrial e o comercial, e de outro lado, o trabalho agrícola. A divisão social do trabalho engendra, assim, a separação e oposição entre a cidade e o campo, e a oposição entre seus respectivos interesses. Este estágio (“Maviael”) prepara, desse modo, a evolução que se delineará no estágio subsequente (Matusael: absolutismo como regime político de governo). O qual se caracterizará pela separação entre o trabalha comercial e o industrial, e multiplicam-se diferentes especialidades profissionais nesses dois campos.[11]

    A evolução e formação do estado social propiciado por “Maviael” (oligarquia agrária) geram, conforme acima indicamos, dois distintos tipos de direção socioeconômica e ainda notadamente política, para as respectivas cidades de uma mesma macro-região. Enfim, elas geram dois diferentes regimes de governo, mas ambos de natureza absolutista.

    De um lado, elas geram ditadores ou tiranos, nas cidades onde as classes médias são expressivas e entre estas uma burguesia revolucionária se destaca. Esses ditadores ou tiranos são originários ou obtêm apoio das classes médias e possivelmente de uma “aristocracia burguesa”, para derrubar regime de governo exercido pela oligarquia agrária.[12] O governo exercido por tiranos ou ditadores, no tipo de cidade onde o comércio e a indústria passaram a ser as principais atividades, é representado no símbolo Matusael.

    De outro lado, Maviael (oligarquia agrária) gera uma forma de governo peculiar ao absolutismo oriental, nas cidades onde as classes médias são reprimidas e submetidas pela recalcitrante oligarquia agrária. Assim, está se mantém e ainda amplia seu poder no governo da cidade. E, passa a exercer um regime de governo absolutista. Neste aspecto, o governo (absolutista) exercido pela oligarquia agrária pouco difere da tirania. Em razão disto, ele é, também, representado simbolicamente no termo Matusael.

    Enfim, “Maviael” (oligarquia agrária) gera, numa mesma macro-região, duas diferentes formas de governo “absolutistas” (Matusael). As quais são, inicialmente, ainda pouco diferenciadas entre si. Isto ocorre tanto nas cidades onde o comércio e a indústria passaram a ser as principais atividades como nas outras cidades onde essas atividades foram cerceadas e rigidamente controladas pela oligarquia agrária, e a economia rural mantém-se como sendo a principal atividade.

    Condicionamentos geográficos e ecológicos contribuem, obviamente, para a gradual diferenciação e oposição relativas às duas diferentes formas absolutistas (Matusael) de regime de governo gerado pela oligarquia agrária (Maviael). De um lado, eles contribuem, em determinadas cidades, para que o comércio e a indústria se tornam às atividades principais, das quais emergem tiranos que visam defender e ampliá-las. De outro lado, eles contribuem, em determinadas outras cidades, para que as principais atividades econômicas continuam sendo as rurais, e as respectivas oligarquias agrárias ampliam seu poder ao nível do absolutismo. Neste sentido, vejamos três exemplos de condicionamentos geográficos e ecológicos contribuírem para que ocorra a diferenciação acima indicada, entre as cidades de uma mesma macro-região. Vejamos o caso da macro-região egípcia:[13]

    “A oposição evidente entre o Vale, ou Alto Egito, cuja largura entre as falecias jamais ultrapassaram uma dezena de quilômetros, e o Delta, ou Baixo Egito, triângulo de cerca de 200 quilômetros de lado, em que a água viva ou morta se ramifica em múltiplos braços, em lagunas e em charcos cuja cobertura de plantas aquáticas sempre ofereceu excelente refúgio aos revoltosos. Em contato com o mar, dispondo de facilidades comerciais das quais o Alto Egito não era provido, o Delta sempre contou com cidades mais numerosas e mais importantes. Estas cidades tiveram suas preocupações próprias, que não se harmonizavam com os cuidados, essencialmente rurais da população do Vale”.

    No mesmo sentido, vejamos o caso da macro-região grega:[14]

    “A história de Esparta foi a grande exceção na evolução política das cidades-estados. A despeito de serem seus cidadãos da mais pura linhagem dórica, não conseguiram progredir no sentido de uma ordem democrática. Seu governo, pelo contrário, degenerou rapidamente numa forma mais próxima do absolutismo oriental. Também culturalmente a nação estagnou. As causas de tais fatos eram devidas, em parte ao isolamento. Cercados de montanhas a noroeste e a oeste, e sem bons portos, os espartanos tinham poucas oportunidades de lucrar com os progressos do mundo exterior. A par disso, não surgiu uma classe média para ajudar a massa na luta pela liberdade(…) Atenas começou sua história sob condições bem diferentes das que prevaleceram em Esparta (…) a riqueza da Ática consistia antes em jazidas minerais e esplêndidos portos, do que em recursos agrícolas. Por isso, Atenas não permaneceu um estado predominantemente agrário, e dentro em pouco desenvolveu um comércio próspero e uma cultura essencialmente urbana”.

    Vejamos o caso da macro-região mesopotâmica:[15]

    “É verdade que tais descrições maravilhosas valem para a Babilônia, isto é, para a planície baixa particularmente favorecida pela natureza. Causa e efeito concomitantemente da prosperidade agrícola, a densidade demográfica (…) atinge um nível bastante elevado: o número de cidades que os textos nos fazem conhecer, maior ainda que o das cidades materialmente encontradas, basta para testemunhá-lo. A situação é bem diferente nas regiões menos propícia, montanhosas ou dominadas pelas estepes (…) Há montanheses, cujas colheitas são ínfimas e nos quais a caça, aliás monopólio nobre e até mesmo real, mantém o ardor belicoso. Em intervalos variáveis, estas populações periféricas, próximas das ricas messes das planícies, constituem um grande perigo para os agricultores sedentários (…) A habilidade artesanal não é menor que a habilidade e a animosidade dos agricultores. Basta correr os olhos sobre o material arqueológica encontrado nas tumbas reais de Ur para verificar o refinamento das técnicas manuais na ofício de ebanista e, principalmente na metalurgia, desde o fim do IV ou do início do III milênio. Os assírios conhecem e isolam em estado puro cinco metais: ouro, prata, cobre, estanho e chumbo. Praticam as ligas de metais, a solda, a fundição com molde de cera, o polimento, a filigrana, a incrustação e o embelezamento por meio de esmalte (…) O que falta à Mesopotâmia para que sua produção artesanal tome a extensão correspondente à qualidade, são as matérias-primas, principalmente os recursos minerais. Faltam metais, ou melhor, seus filões esgotaram-se muito cedo. A região mais fértil e mais povoada, ou seja, a planície dos baixos vales fluviais, encontram-se desprovidas tanto de boa madeira como de pedra”.

    A grande concentração e acumulação da riqueza obtida pela oligarquia agrária (Maviael) propiciaram, de modo geral, o incremento da indústria e do comércio nas diferentes cidades-estados da mesma macro-região. Isto ocorre a despeito da diferenciação sócio, econômica e política anteriormente citada, em que num grupo de cidades o comércio e a indústria passaram a ser as principais atividades, e em outro grupo, a atividade agrária se mantém como a principal atividade econômica. Pois, apesar das restrições, mesmo neste grupo de cidades “Matusael (regime político absolutista) propiciará, também, a incrementação da indústria e do comércio. Desse modo, o conjunto ‘Matusael” (numa mesma macro-região: ditaduras absolutistas em determinado grupo de cidades; oligarquia agrária absolutista, em determinado outro grupo de cidades) gera o grande mercado macro-regional ainda não bipolarizado, que a Teoria da História chama de Lamec (o primeiro Lamec: Cf. Gn 4, 18). Este primeiro “Lamec” consiste num grande mercado macro-regional, que articula tanto o mercado interno plenamente desenvolvido de cada cidade-estado como a inter-relação entre as diversas cidades da mesma macro-região.

   O autor da teoria da História concebe como “5° dia da criação VE“, todo o processo de complexidade e expansão iniciado com a divisão e oposição do trabalho agrícola (Caim) e citadino (Henoc), que passa pelo processo de complexidade tanto no campo como da cidade, e das relações entre estes, e que se encerra com “Matusael” havendo gerado o primeiro Lamec (cf. Gn 4, 18). Ou seja, o “Lamec” que consiste num grande mercado macro-regional, e que articula tanto o mercado interno plenamente desenvolvido de cada “nomo” (cidade-estado) como a inter-relação entre as diversas cidades da mesma configuração espacial e respectivo mercado macro-regional egípcia. Este mercado ainda apresenta, entretanto, muitas barreiras comerciais. É importante notar, porém, que este mercado macro-regional Lamec ainda não se apresenta bipolarizado, e que ele corresponde, portanto, ao período imediatamente anterior aos “130 anos de vida de Adão” (cf. Gn 5, 3). Isto é, corresponde ao período imediatamente anterior àquele em que vigorou o Pré-dinástico recente. Em outros termos, o “5° dia da criação VE” corresponde ao período que os egiptólogos (Cf. Lévêque, P. As Primeiras Civilizações, Volume I – Os Impérios do Bronze, p. 100-1-1) classificam de Pré-dinástico médio ou gerzeense (4000 – 35oo a.C.).

   Note-se que “Matusael”gerou o primeiro Lamec (cf. Gn 4, 18). Ou seja, o “Lamec” que consiste num grande mercado macro-regional ainda não bipolarizado, e que articula tanto o mercado interno plenamente desenvolvido de cada cidade-estado como a inter-relação entre as diversas cidades da mesma configuração espacial e respectiva mercado macro-regional egípcia. Matusael atuara neste sentido, mas exacerbando a tendência para a diferenciação e oposição que nele se manifesta: o grupo de cidades sob a forma de governa ditatorial e absolutista tende para uma forma mais democratizante, sob a hegemonia da burguesia versus o grupo de cidades sob a forma de governo absolutista do gênero oligárquico agrário tende para uma forma mais arraigada deste tipo de governo.

    Duas grandes cidades representam, destacadamente, no interior da macro-região, a tendência acima citada, e neste sentido elas atuam como polos opostos entre si, enquanto as cidades menores encontrar-se-ão, escalonadamente, sob a hegemonia de um ou do outro desses dois polos. E, cada uma das duas cidades-polos pressiona, em favor da imposição do seu modelo de regime político, sobre as cidades menores. Assim, estas se encontrarão pressionadas, dilematicamente, diante da tendência voltada para tal polarização.

    Por fim, o autor delimita e descreve o início do “6° dia da criação VE”. “Um único e grande mercado regional marcadamente bipolarizado” (o Lamec “bígamo, que inaugura o “6° dia da criação VE”: cf Gn 5, 19″) delineia-se, envolvendo todas as cidades da mesma configuração espacial e respectivo mercado macro-regional. Mercado único este gerado por “Matusael”. Algumas dessas cidades mantêm, também, comércio com determinadas cidades de uma ou outra macro-região. Mas, muitas barreiras à fluência da circulação comercial ainda subsistem; e a instituição do Grande Mercado irá rompê-las. Esta instituição embora tenha sido criada e mantida pelos indivíduos, tornara-se autônoma e se expandiria, sincrônica e diacronicamente, pela sócio-história, à revelia dos seus criadores, submetendo-os aos interesses dela. A partir do estágio macro-regional, ela daria um salto expansivo, para a escala imperial, e seguiria expandindo-se até alcançar o estágio global da rede de grandes mercados macro-regionais .

[1] . Cf. http://tribodossantos.blogspot.com.br/2013/04/divisao-e-oposicao-social-do-trabalho.html

[2] . Cf. Lévêque, P. As Primeiras Civilizações, Volume I – Os Impérios do Bronze, p. 98-99.

[3]. Cf. a observação fornecida por exegeta da Bíblia “Ave Maria”, registrada no rodapé da p. 53, referente a Gn 5, 29.

[4]. Burns, E. M. História da Civilização Ocidental, p 155-165; 213-214. Burns (e outros historiadores) estudara muitos aspectos atinentes ao modelo de evolução política das diversas cidades de uma mesma macro-região, a exemplo da macro-região grega e da romana.

[5]. Durkheim, E. Durkheim – Sociologia, Coleção Grandes Cientistas Sociais, p. 91.

[6]. Idem, p. 86-87.

[7]. Idem, p. 92.

[8]. Idem, p. 93.

[9]. Aymard, A. e Auboyer, J. História Geral das Civilizações, Tomo I, 1º Volume, p. 122, esclarecem no sentido indicado: “A guerra pressupõe unidade de comando e, portanto, um chefe militar que, necessariamente tende a tornar-se um chefe político: não nos surpreendemos, portanto, ao verificar que a forma normal de organização política tenha sido, tanto na mesopotâmia como no Egito, a realeza”.

[10]. Cf. Burns, E. M. História da Civilização Ocidental, p. 156-159.

[11]. Marx, K. e Engels, F. Ideologia Alemã, p. 16, esclarecem este ponto: “A divisão do trabalho dentro de uma nação provoca, inicialmente, a separação entre o trabalho industrial e o comercial, de um lado, e o trabalho agrícola, de outro. Daí a separação entre a cidade e o campo, e a oposição de seus respectivos interesses. Sua evolução posterior leva à separação entre o trabalho comercial e o industrial. Ao mesmo tempo, com a divisão do trabalho dentro dos diversos ramos, vemos crescer diferentes subdivisões entre os indivíduos que se ocupam de determinados trabalhos. A posição dessas subdivisões particulares nas relações entre si é condicionada  pelo modo de exploração do trabalho agrícola, industrial e comercial (patriarcado, escravidão, ordens e classes). As mesmas relações surgem, quando as trocas se desenvolvem, nas transações das várias nações entre si”.

[12]. Aymard, A. e Auboyer J. História Geral das Civilizações, Tomo I, 1º Volume, p. 122, observaram exemplo de caso da formação, de uma aristocracia burguesa em certas cidades, na Antiguidade:  “… ainda tardiamente, mesmo em certas cidades, em poder de um soberano, como nas colônias assírias da Capadócia, por exemplo, no início do segundo milênio observa-se o funcionamento de organismos coletivos dominados por uma aristocracia burguesa (o grifo é nosso), senão pelo conjunto do povo”.

[13]. Idem, p. 17.

[14]. Burns, E. M. História da Civilização Ocidental, p. 157-161.

[15]. Aymard, A. e Auboyer, J. História Geral das Civilizações, p. 140-141.