O EIXO DIACRÔNICO DE EXPANSÃO DO GRANDE MERCADO: SEIS SUCESSIVAS ESCALAS IMPERIAIS

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 Livro: Teoria da História (Art. 11, 1.3.; p. 75-78) www.tribodossantos.com.br

    A maior parte do período da realidade sócio-histórica que a teoria da genealogia de Adão se refere, transcorreu, por um aspecto – enquanto eixo diacrônico central de direção dinâmica do processo de expansão do grande mercado – no interior do Egito. Somente a parte final desse período, isto é, do segundo Lamec (Cf. Gn 5, 25, símbolo este que representa o grande mercado global pré-diluviano) em diante, todo o mundo civilizado e respectivos mercados macro-regionais circunvizinhos então existentes articularam-se entre si, numa rede global plena: o egípcio (Médio Império); o mesopotâmico; o egeu; o hitita; aquele composto por fenícios, cananeus e sírios; o estabelecido na bacia do Indo; e o elamita. Pois, paralelamente ao desenvolvimento desse eixo diacrônico central, os demais mercados macro-regionais desenvolviam-se, gradativamente. Mas, para efeito de análise e de formulação teórica, tal eixo diacrônico central desenvolvera-se no interior do mercado macro-regional egípcio, e corresponde ao período que compreende as seis primeiras dinastias egípcias (conhecido pelo nome de Antigo Império), e o período subsequente, o qual é chamado de Primeiro Período Intermediário e mais apropriadamente Idade Feudal Egípcia.
A formação social do tipo feudal engendrou, por dentro de si mesma, a formação social e o respectivo período subsequente conhecido, historicamente, como Médio Império. Neste período é que se desenvolveu o grande mercado global, quando todos os mercados macro-regionais circunvizinhos se articularam entre si, formando uma grande rede global de mercados macro-regionais.

    Vamos remontar a parte inicial do processo geral de expansão do grande mercado, o qual transcorreu, para efeito de método de análise, todo no interior do mercado macro-regional do Antigo Egito. Esse processo se inicia no período pré-dinástico, e passa pelas seis primeiras dinastias (Antigo Império e eixo sincrônico e diacrônico central de direção dinâmica do processo de expansão sincrônica e diacrônica do grande mercado): I Dinastia (Set), II Dinastia (Enos), III Dinastia (Cainan), IV Dinastia (Malaleel), V Dinastia (Jared), VI Dinastia (Henoc). E, encerra-se com o período chamado de Idade Feudal Egípcia. Depois, focalizaremos a parte final desse processo, quando emergiu o grande mercado global pré-diluviano, envolvendo todos os mercados macro-regionais circunvizinhos existentes no mundo civilizado de então; e quando a seguir, essa globalização entrou em fase de depressão Noé, acompanhada do esfacelamento diluviano (= II Período Intermediário) e encerrada com a sua fragmentação em três grandes partes.
Antes de remontarmos ao início do processo geral de expansão do grande mercado, e de focalizarmos sua parte final, devemos considerar que antigos pensadores dessa época pré-diluviana ou Pré-II Período Intermediários refletiram sobre esse processo geral, e que elaboraram uma Teoria da História pertinente.

    À medida que formos ordenando cronologicamente as sucessivas etapas desse processo geral, vamos relacionando, também, cada etapa com o respectivo signo a ela atribuído, pelos pensadores que elaboraram a teoria da genealogia de Adão. Partiremos do período Pré-dinástico egípcio.

     O signo Adão, isto é, o segundo Adão citado no livro Gênese (Cf. Gn 4, 25) corresponde à última fase do período pré-dinástico. Isto é, no Egito Pré-dinástico recente, período este chamado também de Época pré-tinita, por volta de 3400 a.C. Segundo a Teoria da História elaborada por antiquíssimos profetas, esta fase corresponde, subtende-se, a um estágio que acumulara toda evolução sócio-histórica que precedeu à Primeira Dinastia. Nesta última fase, o mercado macro-regional egípcio se apresentava bipolarizadamente subdividido, e fora representado no símbolo “Lamec”, mas o primeiro Lamec (Cf. Gn 4, 19-23). Os dois polos, isto é, os dois mercado e respectivas configurações espaciais foram simbolizados na figura bígame de Lamec e suas duas mulheres: Ada e Sela.

   Ada: O Norte, Delta ou Baixo Egito, e respectiva configuração espacial. Este polo norte do mercado macro-regional egípcio estava centralizado pela cidade-estado ou “nomo” Buto. Ou seja, encontrava-se sob a hegemonia dos reis de Buto, chamados Almas de Pê (= Buto). Onde se estabeleceu a hegemonia de uma elite econômica, política e intelectual mais propensa à iniciativa privada, ao comércio, às artes, enfim, a uma cultura mais desenvolvida,[1]

   Sela: O Sul, Vale ou Alto Egito, e respectiva configuração espacial. Este polo sul do mercado macro-regional egípcio encontrava-se centralizado pelo nomo Hieracômpolis, sede do reino do sul. Ou seja, encontrava-se sob a hegemonia dos reis de Hieracômpolis, em egípcio Nekhen, Reis estes conhecidos pelos textos como o lugar de origem das Almas de Nekhen, que são os reis do Sul divinizados.[2] Onde se estabeleceu a hegemonia de uma elite econômica, política e intelectual mais tendente a exercer e impor à coletividade o monopólio burocrático do Estado, e onde predominavam os interesses ligados à indústria e a mineração.

   O segundo Adão corresponde, portanto, ao grande mercado regional egípcio ainda subdividido em o império do norte e o do sul. Menés unificou os dois mercados regionais egípcios, por volta de 3200 a.C., estabelecendo a Primeira Dinastia,[3] ou seja, dando início ao estágio em escala imperial do processo geral de expansão do grande mercado. Este início que se segue corresponde, por outro aspecto, a uma extrapolação do mercado regional ainda bipolarizadamente conformado, e fora representado através do signo Set. O signo Set representou, portanto, a primeira (Primeira Dinastia) das Seis subsequentes dinastias egípcias, e correspondentes escala imperiais.

    Neste ponto de nossa exposição, alguns esclarecimentos são oportunos. Na análise elaborada pelos criadores da Teoria da História, registrada, codificadamente, nos dez primeiras capítulos do livro gênese, o processo genético e de complexidade da divisão social do trabalho se apresenta como estrutura social dominante e unidade de mudança (Gerth e Mills). Em outros termos, apresenta~se como fio condutor, que acompanha todo o processo da formação social humana. O processo genético da civilização egípcia até a última fase do período Pré-dinástico durou de cerca de 4000 a 3200 a.C.[4] A Teoria da História referente à gênese da sociedade humana inclui esta fase civilizatória, que por sua vez inclui a fase abordada pela teoria da genealogia de Adão. Mas, inclui, também, toda a fase que precedeu ao surgimento do estágio social que concebemos como “civilização”, ou seja, que precedeu ao modelo de formação social dotado de padrões mais complexos de cultura, baseados no conhecimento da escrita. Aqui não trataremos da parte da Teoria da História, que aborda todo o processo sócio-histórico precedente àquele mais recente e focalizado pela teoria da genealogia de Adão. Ambos são abordados pela referida Teoria da História, e apresentados em outro trabalho nosso, que apresentaremos em breve: “A Decodificação do Livro Gênese”. Convém focalizarmos, por ora, mais alguns aspectos gerais pertinentes a essa teoria.

[1] Cf. Aymard, A. e Auboyer, J., História Geral das Civilizações, Tomo I, 1º Volume, p. 44-45.

[2] Leveque, P. As Primeiras Civilizações – Volume I – Os Impérios do Bronze, Edições 70, Lisboa,1987, p. 102-103, 108.

[3] Cf. Burns, E. M. História da Civilização Ocidental, p. 45.

[4] Cf. Idem, p. 43.